Ora vejam só quem que nem ela daria tudo a fim de participar do festejo inusitado, iria de qualquer jeito. E toca a matutar esse qualquer jeito. Lembrou que o urubu ia sempre convidado a participar desses encontros, dado seu talento ao violão de sete cordas.
Mais que depressa a tartaruga acercou do ninho do urubu e notou as suas preparações da viagem. Nisso, tratou de estudar o modo próprio de acompanhar o dito cujo. Olhou que levaria o inseparável instrumento de cordas. Encaixou-se no espaço do meio, bem no furo central, e ali permaneceu no tempo suficiente a seguirem rumo do Céu, pois a festa ali aconteceria dentro em breve.
Voaram, voaram, horas, horas, até chegar ao lugar certo.
No primeiro descuido da ave de rapina, a tartaruga saiu do violão e envolveu o vulto no bulício da multidão. Jamais esqueceria, certeza, o tanto que se divertiu naquela noite maravilhosa. Conheceu gente, conversou, namorou, bebeu e comeu do bom e do melhor, e quando viu saírem os primeiros convidados, tratou logo de regressar ao bojo do violão do urubu e esperar o momento de vir de volta à Terra.
A viagem transcorria às mil, no entanto, numa das manobras súbitas do urubu, a evitar algumas nuvens à frente, olha que a tartaruga escapolio por entre as cordas do violão e desceu lá das alturas, sacudindo pelos ares. Veio cair por cima de uns lajedos, sendo caco de tartaruga a todo lado. O que um casco lindo visto dele restaram apenas cacarecos abandonados pelo chão.
Porém Nossa Senhora, que a tudo vê e cuida, passava naquela hora do impacto do estrondo nas pedras. Ficou preocupada com aquilo e tratou de reunir o que conseguiu dos restos da tartaruga, colando com resina, formando esse casco remendado que agora conhecemos, fruto dos muitos pedacinhos somados pela compaixão sublima da mais divina Santa.
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