quinta-feira, 24 de julho de 2014

O poder da Fé

Numa cidadezinha do interior da Índia, viviam senhora viúva e um filho, pessoas muito religiosas que se dedicavam de corpo e alma à prática do budismo, crença asiática fundada por Gautama Sidarta. Ambos alimentavam o sonho de visitar a cidade do Nepal, onde nascera o grande mestre. Durante anos seguidos juntaram economias visando esse propósito. 

No que pesasse o sacrifício, tão só o filho reuniu condições físicas de fazer a longa peregrinação. Arrumados os preparativos, chegou o desejado momento.

- Meu filho, ao voltar de tua experiência, traga para mim uma relíquia da terra em que veio ao mundo o grande príncipe – pediu a senhora.

Na viagem, o rapaz percorreu as diversas estradas que levavam a Kapilavastu, no sentido de conhecer as belíssimas edificações dedicadas ao Senhor Buda em seu torrão de origem. Admirou-se com a beleza das cerimônias religiosas, rituais cheios de luz e harmonia inigualáveis. Permaneceu ali o tempo suficiente de realizar suas oferendas e orações. 


Ao retornar para casa, a mãe quis saber o que lhe trouxera do lugar sagrado: - Nada, minha mãe. Quando me envolvi nas festas de adoração, me enlevei, esqueci de tudo, sem trazer o que a senhora me pediu.

A mulher desculpou o gesto negligente e tratou de reunir outros recursos para que o filho, na primeira oportunidade, fizesse nova expedição ao país distante, o que demorou pouco e também aconteceu.

Nessa época, um tanto mais amadurecido, o moço recebeu a mesma incumbência de, ao retornar da pátria do Buda, trazer a ansiada relíquia, em atenção à velha mãe.

No entanto, fica difícil de explicar os motivos, de novo regressou não correspondeu ao pedido especial de sua genitora. No auge da bondade, outra vez a senhora relevou o descaso do filho. 

Algum tempo adiante, nova chance se apresentava a que ele seguisse rumo ao Nepal. A mãe, paciente, com zelo carinhoso, recomendou o presente, igual fizera das vezes anteriores:

- Que lembre-se de mim e traga o que sempre te pedi, qualquer relíquia me servirá, pois. 

Logo ao chegar na cidade, o homem se viu cercado por bando faminto de ferozes cães, contra os quais mediu forças num duelo encarniçado, ferindo de morte uma das feras. Em seguida, abriu a boca desse animal e retirou-lhe uma das presas, trazendo-a de presente para sua mãe. Eis aqui, minha mãe, a lembrança que pediste, um dente que obtive de sacerdote do templo, na pátria do Buda venerável.

A senhora sentiu satisfação profunda com a atitude do filho. Adquiriu um santuário e nele instalou a relíquia, que desde esse dia tornou-se o principal objeto das suas habituais reverências.

Decorridos alguns meses, espalhou-se no meio do povo a notícia de que o dente brilhava como sendo pedra preciosa. Por essa razão, multidões afluíram de muitos lugares, na intenção de contemplar o fenômeno maravilhoso. 

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