sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Big Besteira


A sofisticada evolução tecnológica reserva todo santo dia recursos para que a sociedade encontre seus caminhos de sustentação e progresso, no decorrer dos séculos da Civilização. Inúmeros sábios queimaram pestanas e vidas estudando, buscando, elaborando os instrumentos de que carecemos, no aperfeiçoamento das estruturas científicas e permissão de chegar aos padrões da atualidade, nos vários campos de atividades...

Milhões de seres pensantes se jogaram em campos diversos da batalha cotidiana, espezinhados em condições mínimas de trabalho, vítimas de limitadas possibilidades, a fim de trazer às gerações bases de tempos melhores, mais justos, democráticos...

Mães sofreram dores do parto, na ordem natural de filhos sadios, bonitos, brilhantes... Professores esmeraram o conhecimento e a disciplina, em salas de aula por vezes inóspitas, restritas a aspectos precários, de pouca iluminação e longínquas distâncias...

Líderes pelejaram, submetidos ao domínio dos ditadores insanos, prisioneiros entregues ao furor da clandestinidade, vagando nas ondas incertas, com idéias firmes de justiça, trabalho, igualdade, paz, alimentando bandeiras de sonhos, quase sempre incompreendidos...

A pesquisa, que, de comum, se desenvolveu diante das enormes dificuldades financeiras, em galpões improvisados, à luz de velas, em horas tardias...

Classes inferiores amarguram e sofreram constrangimentos, na mira das baionetas, dos canhões, nas guerras de conquista, de manter privilégios, a chorar filhos mortos no ostracismo sem glória, em pátrias estrangeiras, desconhecidas...

E qual o fruto de todo esse esforço descomunal, apresenta o vídeo chamejante de cores belas e movimentos da madre-televisão, nas salas principais? Os reality shows, ao modo de Big Brother Brazil, alter-ego da sociedade destes tempos críticos onde tipos recolhidos numa gama suja, vêm com a imaturidade humana de antes da caverna, dotar de insegurança e despreparo a pré-adolescência, retrato desfocado daquilo que, em fase menos infeliz, haveria de permanecer restrito aos divãs de terapeutas, aos quartos dos motéis, dos prostíbulos, jamais levado aos quatros contos, na cara de espectadores imprevidentes, existisse decência na feitura das programações.

Os meios de comunicação de massa, na maioria, agem assim, dentro de horizontalidade característica, invés de procurar a verticalização das concessões de serviço público que são. Praticam, isto sim, negócios escusos, na sede do lucro descarado, por preços de ocasião, na curva da economia de escala. Usinam peças que se encaixam nos buracos que oferecem as massas, independente dos efeitos morais, período em que moral virou símbolo de fora de moda. 

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