A sofisticada evolução
tecnológica reserva todo santo dia recursos para que a sociedade encontre seus
caminhos de sustentação e progresso, no decorrer dos séculos da Civilização.
Inúmeros sábios queimaram pestanas e vidas estudando, buscando, elaborando os
instrumentos de que carecemos, no aperfeiçoamento das estruturas científicas e
permissão de chegar aos padrões da atualidade, nos vários campos de
atividades...
Milhões de seres pensantes se jogaram
em campos diversos da batalha cotidiana, espezinhados em condições mínimas de
trabalho, vítimas de limitadas possibilidades, a fim de trazer às gerações bases
de tempos melhores, mais justos, democráticos...
Mães sofreram dores do parto, na
ordem natural de filhos sadios, bonitos, brilhantes... Professores esmeraram o
conhecimento e a disciplina, em salas de aula por vezes inóspitas, restritas a
aspectos precários, de pouca iluminação e longínquas distâncias...
Líderes pelejaram, submetidos ao
domínio dos ditadores insanos, prisioneiros entregues ao furor da
clandestinidade, vagando nas ondas incertas, com idéias firmes de justiça,
trabalho, igualdade, paz, alimentando bandeiras de sonhos, quase sempre
incompreendidos...
A pesquisa, que, de comum, se
desenvolveu diante das enormes dificuldades financeiras, em galpões
improvisados, à luz de velas, em horas tardias...
Classes inferiores amarguram e
sofreram constrangimentos, na mira das baionetas, dos canhões, nas guerras de
conquista, de manter privilégios, a chorar filhos mortos no ostracismo sem
glória, em pátrias estrangeiras, desconhecidas...
E qual o fruto de todo esse
esforço descomunal, apresenta o vídeo chamejante de cores belas e movimentos da
madre-televisão, nas salas principais? Os reality
shows, ao modo de Big Brother Brazil,
alter-ego da sociedade destes tempos críticos onde tipos recolhidos numa gama suja,
vêm com a imaturidade humana de antes da caverna, dotar de insegurança e
despreparo a pré-adolescência, retrato desfocado daquilo que, em fase menos
infeliz, haveria de permanecer restrito aos divãs de terapeutas, aos quartos
dos motéis, dos prostíbulos, jamais levado aos quatros contos, na cara de
espectadores imprevidentes, existisse decência na feitura das programações.
Os meios de comunicação de massa,
na maioria, agem assim, dentro de horizontalidade característica, invés de
procurar a verticalização das concessões de serviço público que são. Praticam, isto
sim, negócios escusos, na sede do lucro descarado, por preços de ocasião, na
curva da economia de escala. Usinam peças que se encaixam nos buracos que oferecem
as massas, independente dos efeitos morais, período em que moral virou símbolo
de fora de moda.
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