quarta-feira, 8 de junho de 2011

Dom Sebastião

Rei de Portugal com três anos, sob a regência de sua avó dona Catarina, um dia, dom Sebastião resolveu tomar para si a defesa do catolicismo no combate aos mouros e sonhou dominar o norte da África, onde hoje fica o Marrocos, embarcando rumo à conquista, ainda que para desgosto do seu tio-avô dom Henrique e advertido por vários capitães.

O espírito atilado de Sebastião naquele ato, segundo os historiadores, predominou sobre tudo e todos, no que pesasse, quatro anos antes, em 1574, haver largado iguais propósitos, retroagindo de Ceuta e Tânger por insuficiência de tropas.

Dessa outra vez, porém, far-se-ia ainda mais teimoso. Poucos dias instalado no forte de Arzila, após o desembarque, em 04 de agosto de 1578, com 24 anos defrontaria o exército árabe, na batalha denominada Alcácer Quibir.

Em luta feroz, os portugueses sofreram profundos reveses, submetidos ao poderio adversário; sem deixar notícias do seu paradeiro, o rei desapareceu nas escaramuças, ocasionando a vacância do trono português.
Desfeito o sonho do jo

vem monarca, que não deixara herdeiros, sobe no poder um outro tio seu, o cardeal dom Henrique, que morreria logo dois anos adiante, em 1580, produzindo desdobramentos políticos graves e a anexação de Portugal pela Espanha, tempo do reinado de Felipe II, quando, inclusive, o Brasil pertenceu ao trono espanhol.

Tudo isso se conta até chegar nas origens do sebastianismo, mito de cunho messiânico nascido em torno da figura do rei, rastro do seu misterioso desaparecimento no campo de batalha, o qual proclama seu retorno em eras futuras, com a missão de salvar o mundo e vencer as forças do Mal em toda a humanidade.

Alguns situam a gênese dessa lenda no impacto ocasionado pela decadência portuguesa e pelo sofrimento de seu povo, consequências da prematura perda do soberano querido. Igualmente, persiste a inspirar o imaginário das artes lusitanas, rica de misticismo e criatividade neste particular, persistindo desde o século XVI, por viés histórico-cultural de predominante resistência.

Em seu bojo, o sebastianismo remonta substratos bíblicos, lembrando o fim misterioso de Moisés, antes de entrarem os hebreus na Terra Prometida, que se ausentou montanha adentro; e do profeta Elias, a subir aos céus num carro como que de fogo, às margens do rio Jordão, na visão do seu discípulo e sucessor, o profeta Eliseu.

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