quarta-feira, 8 de junho de 2011

As luas do sentimento

Nós, bichos humanos, habitamos um corpo cheio de mudanças. Hora andamos pelos pés, outra pela cabeça. Escreveu não leu, o pau comeu. Somos racionalistas ao extremo, numas horas. Noutras, emocionais de dar desgosto.

Vimos, por isso, numa oscilação permanente. Acreditamos em certos instrumentos, e, poucos instantes passados, invertemos a casaca, acreditando noutras razões em tudo diferentes das anteriores.

Essa tal variação de humor bem caracteriza os imprevisíveis seres habitantes deste chão comum de nós, bichos humanos. Tangemos um barco lotado de personalidades as mais diversas. Desde feras perigosas, agressivas de não ter dimensão pelos resultados, a santas inesquecíveis pelas atitudes e compaixões.

Quando frios, matemáticos, agimos quais máquinas construídas para vencer eternamente. Habilidosos sábios do sucesso desfilam suas genialidades e ganham fácil o sustento das ocasiões. Dotados das melhoras qualificações, predominam face ao grupo social como quem nasceu para ganhar todas as partidas desse jogo de paciência do viver. Enquanto que, mudando de naipe, explodem feitos trovões ao menor espinho dos semelhantes, quebrando as regras de convivência e destruído os muros em volta.
Diante das ações do inesperado, o santo mostra as unhas. Rasga o pano das aparências e desce às páginas policiais sob o menor destempero.

Controlar o impulso do instinto das defesas, dos melindres e das contrariedades se torna, então, o maior empenho do homem contemporâneo. Ninguém garantirá o dia de amanhã caso deixe de lado a importância de controlar os atos agressivos perante o mal estar da civilização dessa época da história humana.

As variações dos sentimentos trabalham, pois, nas proporções das fases da Lua. Antes minúscula no céu, poucos dias, à medida do crescimento, abre círculo esplêndido, que, lá em seguida, reduzirá sua lua prateada, intensa, ao escuro da Lua Nova, cruzando o Quarto Minguante.

Os sentimentos agem assim, idênticos. A ponto de alguns referirem que Fulano ou Beltrano é de lua. Da noite para o dia, transfere de sentimento expresso no humor da água para o vinho, sem ao menos avisar. O domínio das mutações supõe que essas criaturas controlem o decorrer das andanças. Contudo poucos detêm a capacidade rara de comandar os passos de si próprio. Quase rotina, deixam correr frouxo e amargam os frutos dos tontos.

Porém há que desenvolver o difícil manejo dos sentimentos equivocados, com a intenção forte de trabalhar o melhor dos gestos de morar juntos. A virtude das boas gentilezas cabe em todos os lugares. Saber respeitar as mudanças alheias e controlar as mudanças individuais valerá pontos preciosos no oceano das relações, determinação da plena sabedoria, portanto.

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