Escrever, no mínimo, é prazeroso, instigante. Oferece ímpetos de a gente correr em busca de novidades e encontrar alternativas de jogar com as palavras, em meio às rotinas, viagem por vezes surpreendente. Os sons das palavras saem batendo nas paredes da visão, escarrancham sótãos de lembranças, notícias, pensamentos, sonhos, assim quase vadias, destituídas de propósitos ou direitos, no entanto firmes na intenção de revelar os segredos guardados nas sete capas do inexistente. Muitas, inúmeras, as chances de acalmar o instinto dessa função de transmitir, porém, ainda que tranquilizem durante algum tempo, lá adiante vêm de novo neste desejo de saltar fora e trocar em miúdos o que restara das refeições cotidianas, e tem mais, acham que queiram parar aqui e dividir a solidão das existências, nesta comunhão de pensamentos na mesma aventura das revelações interiores. Palavras, palavras, palavras...
E quando, outra vez, elas descobrem a gente presa da
angústia de querer contar o inconfessável, psicografando junto o séquito de
andarilhos, de longe, observam os desavisados e trazem sons do inesperado ao
texto.
Outro dia, Ceci me falou que, recentemente, ouviram profundo
estrondo nas imediações do litoral norte da Bahia, quando identificaram naquilo
a queda de um meteoro de maiores proporções. A notícia gerou empenhos dos
estudiosos em localizar os pedaços do corpo celeste, disso pedindo à população
que tragam às pesquisas tais pedras de corisco que recolheram. Eis dos tais
sons do inesperado em que falei. Quantas e tantas ocasiões correm nos céus as
estrelas cadentes, riscos de luz desses corpos que penetram a atmosfera da
Terra e incendeiam nos fachos luminosos. Deles veem-se os claros, no entanto há
dias em que deles também se ouvem o estrondo ao tocarem o solo das proximidades
dos núcleos humanos. Gabriel até me
disse que todo o ferro que existe na Terra veio do espaço, que leu nalguma
revista.
Isso lembra os sons das palavras quando invadem o silêncio
em volta e chegam ao coração, no instinto de serem transmitidas uns aos outros,
pela escrita, no discurso de papel. Algumas viram coriscos e chamegam o
território íntimo de quem escreve e adiante dos que leiam.
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