As mágicas do pensamento concedem ao homem direito de se observar, na faina de viver. Isso lhe permite autocrítica e refazimento das expectativas, como iremos, juntos, concluir nas palavras abaixo, a propósito da sobrevivência.
Tais formigas em movimento incessante, cada
manhã todos saem de suas tocas para lutar pela vida, como gostam de dizer.
São milhares, milhões, bilhões, de
estômagos para encher, uns maiores, outros menores; uns lentos, outros
apressados. Porém deverá haver, em qualquer lugar, o comestível, a lenha da
continuidade da espécie, nesse pano comum. Nisto somos todos iguais perante a
necessidade. O que não difere... sim, o que não difere (veja onde se concentra
a crise tão comentada) é o modo de alcançar essa permanente conquista: respirar
por mais um tanto.
Quem chegou primeiro cercou sua parte.
Algumas opiniões sustentam até que Deus criou a terra e o "Pula
Moita" criou a cerca. Os que chegaram depois, por virem mais lentos ou
menos interessados em acumular, ficaram do lado de fora da propriedade. E o
resultado, temos à mão.
Os dias se sucedem, a permitir vidas em
profusão, nossas e de nossos filhos, enquanto patrões determinam regras de jogo
quase sempre ganho por eles mesmos.
Aqui entra em cena o outro lado da questão.
O que fazer face a tais circunstâncias, pois saber pensar e não usar esse
recurso equivale a não saber. O que fazer, portanto?
Caso contemos, dentre nossos aliados, com
os que alçamos ao poder, fácil se torna a superposição dos valores e a cura do
mal, isto é: puxar o piso nacional de salários de uma faixa para outra mais
compatível, porque esse valor fixado não supre o essencial, só revolta e
contraria a quem o percebe.
Como os representantes políticos servem a
outros interesses que não os populares, façamos diferente. Busquemos modificar
as coisas, partindo de nós. Vamos mudar de lado e agir para nossa redefinição
pessoal.Sejamos empresários menores, nas tantas profissões do catálogo.
Ao se deter na complexidade cotidiana, por
cada esquina uma coragem de sobreviver. Pipoqueiros. Vitrinistas. Merendeiras.
Balconistas de conta individual. Bombeiros hidráulicos. Mecânicos. Corroceiros.
Cambistas. Engraxates. Jornaleiros. Livreiros. Alfaiates. Doceiras.
Borracheiros. Bombonseiros. Roleteiras. Verdureiros. Nos países desenvolvidos,
essas profissões deixariam o suficiente para manter a família.
Nesta altura, chegamos ao miolo do assunto.
Sem mudança interna no conteúdo das gentes, mudanças jamais haverá no coletivo
da Humanidade. Por isso, a resposta deverá vir de dentro das criaturas.
Restam-nos poucas linhas, mesmo assim suficientes.
Tais formigas ou abelhas, por se parecerem
no modo de fervilhar, teremos de reconstruir o Mundo com a soma dos trilhões
das iniciativas particulares, que somos todos nós.
(Ilustração: Operários, de Tarsila do Amaral).
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