sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Ânsia de liberdade

Quando liberdade possa ser vista como desejo extremo de resistir e criar novas esperanças ao mistério maior de viver. A vertigem da liberdade. O inabalável pressuposto de estar condenado a ser livre, que o considera Jean-Paul Sartre na ênfase dos valores humanos. Razão de existir, o homem qual instrumento da mais plena obtenção da essência primordial através da existência.

Nisto, uma pergunta fundamental, o que justificaria a disposição humana de rifar tão precioso bem nas atitudes as mais medíocres, exemplo dos dogmatismos e comportamentos coletivos e individuais de escravos passivos? Abrir mão de ser livre em troca das comodidades física, psicológica e sentimental, a três por dois, nas malhas da ilusão. Vender alma por qualquer tostão de mel coado e ainda se acha poderoso, bonito, famoso, glamouroso, tal cativos das limitações de si mesmo a troco de ganhar este mundo e perder a Eternidade. Deixar de lado o real sentido de viver a pretexto das felicidades aparentes e hipócritas. Passar vidas e vidas em brancas nuvens, no objetivo exclusivo de acomodar os negócios das dúvidas, forma de mascarar a liberdade e dormir sobre os escalpos da covardia. 

Quantos e tantos que nem pensaram nisso, porém haverão de devolver a vestimenta da carne e os patrimônios da lascívia que aqui receberam a título de evolução, por medo da angústia de ser livre. E aceitar a tutela de pacientes iguais, ou piores, enterrados na patologia da ignorância. Fugir às normas de ouro da sonhada realização de Si, quando, na verdade, amarram aos pés mós dos moinhos da alienação. Seres humanos, nós, alimárias do futuro, que sujeitam a tanger esses laços de pescoço tão só no desespero de continuar adiamentos da sagrada liberdade, esquecidos charlatões da civilização de poeira e ferrugem. 

Por isso, abaixo dogmas estéreis que enganam os enganados, matilhas de feras idiotas que apenas somam repastos das dores e depositam joias falsas nos bancos da Realidade.

Longe, pois, das dúvidas que vaquejam pecados, e rasgar os véus da coragem, dos seriados heroicos. Salvar a pele dos androides. Erguer altares à Liberdade, pura dama, no tropel luminoso dos Céus. 

4 comentários:

  1. Um dos melhores que li, da sua autoria. É para ler duas vezes e pensar cada parágrafo. Amei Emerson !

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  2. Cada um sabe de si, das suas limitações e prioridades. Cada um sabe o preço/alpagarta por sua liberdade. Muitas vezes a liberdade sonhada e desejada não está ao nosso alcance. É sofrida e vazia a vida, mas é a parte me cabe neste torrão chamado mundo.

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  3. Cada um sabe o preço a pagarpor sua liberdade.

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  4. Texto forte e de grande capacidade de reflexão . Mas o fato não invalida a riqueza e o alto nível da literatura do seu texto. Parabéns Emerson Monteiro. Um grande abraço .

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