Retrato da própria face ao espelho da dúvida, os passageiros desse trem do desconhecido reveem assim horas sucessivas de incertezas que demonstravam os limites da liberdade, vítimas da cegueira e da ignorância. Origem de paixões dolorosas, o instinto domina muitas vezes as atitudes que trouxeram até aqui. Quais folhas ao vento, nalgumas horas caem perdidos na lama e afundam no desgosto da solidão. Isso pede justiça, e dela ninguém escapa. Tropas, pois, de bandoleiros, as pessoas pisam o chão feito meras aprendizes dos equívocos e das leis. Quais atores dos dramas particulares, estonteiam as linhas do destino e jogam nos tribunais aquilo que serviria de instrumento de felicidade, contudo utilizado em causa imprópria. Vítimas de si, joguetes nas mãos da sorte, peças das tramas do azar e fagulhas de fogueiras apagadas, vacilam soltos no teto das lojas abandonadas.
Bom, quis refletir diante dos erros que serviram à construção da Torre de Babel das individualidades. Histórias delirantes da vaidade fecharam as portas aos extremos deste lugar onde andam às tontas. Que sejam reis ou serviçais no palácio, fogem às condições de olhar quanto veriam tão só do quanto resta de viver os dias e regressar aos planos, que deles nem se lembram de lá terem vindo. Eis o que fere a natureza das criaturas humanas, de saber tanto e conhecer quase coisa alguma. Parceiros dos sonhos da Eternidade, deitam sob a terra o pouco que restava ao final de tudo. E ausentes dormem o silêncio profundo e misterioso de memórias inexistentes nas profundezas do mar.
(Ilustração: Jacek Yerka)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNão podemos e nem devemos julgar e condenar as pessoas no tribunal da vida sem ouvir e conhecer a história e universo de cada um. É o que eu penso.
ResponderExcluirEmerson estamos sentindo falta dos seus textos...
ResponderExcluirNão nos prive dos seus conhecimentos... é muito bom é enriquecedor ler os os seus textos.
ResponderExcluir