sábado, 7 de julho de 2018

A balança do querer

Eis a base dos resultados na sequência natural dos acontecimentos. O homem põe. Deus dispõe. E a Natureza impõe. No que andar, resultados apresentam frutos do que plantamos na seara do Tempo. Isto no querer que produz, inevitáveis, as ações. Chega de longos discursos, quando o instante exige atitudes. De tanto falar, perdem sentido os palavreados à toa. 

Nisso, entre a razão e a sensibilidade, mora o fiel desta balança do ser. Oportunidades mil de realizar felicidade fogem nas quebradas à medida que os ânimos ficam presos nas chances jogadas fora. Quantas e tantas oportunidades de ouro, e o querer pende noutras direções. Grandes naus, grandes tormentas. Nem era por não querer simplesmente. Era não querer a intenção ideal dos resultados a que aspirávamos. Vencer por vezes a cor do desejo de satisfazer os instintos. Caem as barreiras de contenção e vêm abaixo os sonhos de muitas ocasiões ricas perdidas que foram de amores verdadeiros. Lembro isso do passado, sobretudo na adolescência, fase que sujeita prolongar por mais tempo, o que dizem os clínicos, até que um dia termina e chega o senso.

Naquele período, os caminhos ficavam estreitos na disposição de fugir de si e se esconder longe dos silêncios reveladores. Atormentados no vão da sorte que a liberdade oferece, quais um animal selvagem, éramos espécie de donos do Universo, a promover respostas improvisadas, deduzindo que a vida logo sumiria na imensidão das ausências. Carrascos da alma, nos achávamos à beira do Infinito, e quebrar a cara, então, viraria solução. 

Resultado, imensas florestas perderam a doce coerência. A outra metade da existência passaria a pagar pelos erros cometidos. Todavia, ainda que fosse de tal modo, chances hoje persistem de usufruir os raros acertos na forma de amizades, paciência, descobertas de justiça no coração e luz nas manhãs de céu aberto.  

3 comentários:

  1. Torna-se repetitivo mas não posso deixar de lhe dizer, seus textos cada vez mais reais e nos tocam de forma direta. Sabedores somos que muitas vezes as palavras são jogadas ao vento, mas o sentimento não. Se fugimos de nós mesmos ou se andamos em sentido contrário, muitas vezes são as circunstâncias que nos impõem o que gostaríamos de ser e de viver de maneira diferente daquela que sentimos e desejamos. Espetacular o seu texto, parabéns!

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  2. Verdadeiras metáforas e de uma profundidade que só vi em igual em Eça de Queiroz, onde um texto nos dá oportunidade de diversas conclusões.

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  3. O seu texto é tão rico que precisamos ler, reler e analisar com atenção, porque cada parágrafo é uma mensagem riquíssima de lições de vida. Caminhos estreitos na na disposição de fugir de si mesmo”.Razao e sensibilidade “ , mora o fiel da balança do ser. Muitas vezes não compreendidas . Pérola de texto. Parabéns meu amigo Emerson, seu textos são um bálsamo para meu espírito,. Obrigada..

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