Por exemplo, hoje, ao lembrar tempos anteriores, quando ainda criança em Crato e vivenciava algumas atividades artísticas de cantores nascidos no meio da população e que permaneceram assim, só nascidos no meio da população sem chegar ao estrelato dos púlpitos. Eram mecânicos, alfaiates, sapateiros, vendedores ambulantes, pequenos comerciantes, caixeiros de loja, bancários, viajantes, pedreiros, no entanto resolviam e cantavam as modinhas do cancioneiro popular daquela hora, nas madrugadas frias, às janelas dos apaixonados, em programas de auditório das emissoras do lugar, nas praças, nas quermesses da igreja, nas festinhas de aniversários e outras comemorações.
Eles permanecem ali bem vivos nas suas apresentações de dentro dessa pretensa existência à margem das outras realidades que circulam soltas pelos corredores das memórias da gente. Maviosos intérpretes de sucessos que ainda hoje servem de trilha sonora àquele mundo teimoso sempre vivo na alma dos que o viveram. Recordo com relativa facilidade nomes quais Célio Silva, Luís Soares, Geraldo, José Flávio Teles, Peixoto e outros que trazem a fisionomia e precisaria persistir no esforço de lembrar até virem à tona. Havia, também, os músicos que lhes acompanhavam, todos virtuoses e consagrados entre os fãs fiéis que ouviam de olhos acesos, Audísio Gomes, Rivadávia, Hildelito Parente, Nélio Cleiton, Expedito Padeiro, estes que formavam o chamado regional, que dava o tom e mantinha a qualidade inesquecível das peças musicais dos saraus de boleros, sambas canções, guarânias, valsas, de que se sabe existir no mundo inteiro na mesma fase do tempo.
À época, uma era de inocência acústica e respeito ao silêncio, o tônico das inspirações restava por conta das bebidas alcóolicas, isto quase livres do que um dia já fomos da sonoridade agressiva desta intolerável tecnologia de penitência dos atuais paredões.
Que maravilha que é vc acordar e escutar alguém de deu ao trabalho de deixar o conforto da sua cama para cantar ou outro recurso musical para nos alegrar na madrugada com uma bela música, mais popular seresta. Ah se nos dias atuais pudéssemos, eu iria na calada da noite, despertar a pessoa amada, com uma música suave e cliente para ele.
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