Com isso, vieram as preocupações do principal dirigente, o rajá daquele território, senhor de ricas propriedades, ouro e pedrarias. Exposto aos vexames das ações nefastas, logo cuidou de reforçar a guarda pessoal do palácio, escolhendo a capricho homens de inteira confiança. No entanto nada obteria em reduzir as perversidades executadas pelos meliantes, às sombras das noites.
Donatário do poder absoluto, tal governador pronunciava decretos extremos aos que fossem flagrados na autoria dos sanguinários crimes, sem, todavia, disto resultar coisa alguma em termos concretos. Os delitos campeariam soltos até os derradeiros dias de vida do soberano, e na província ninguém seria feito prisioneiro, ou quaisquer resultados produziram as atitudes defensivas.
Só após a morte do rajá seria desvendado o tamanho mistério. As razões de aquilo durar encoberto por décadas fio: A autoria dos crimes fora do próprio nobre que ocupava o trono. Debaixo do manto da impunidade com que os atentados aconteciam, ele manteve o bando formado nos seus quadros administrativos, longe dos olhos dos súditos de quem tomava o que visse pela frente, e a cada dia engrossava o tesouro real.
Exerceu, aquele facínora, o papel duplo de monstro e de tutor de seu povo, sob a influência das forças inferiores, semelhante à dualidade registrada no comportamento de tantos da massa que habita o chão da Terra. Feras na pele de cordeiro, sepulcros caiados, branquidão por fora e devassidão por dentro. Isto é, fazem da fortuna o troco do que pilham os cidadãos, quase sempre em nome das leis e da pretensa honradez. Esquecem que autoridade é o lugar de quem ocupa, e não a pessoa que esteja ocupando o lugar, esta mero figurante dos destinos infalíveis.
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