Até então, vislumbrar as possibilidades disso, de encher de sentido essa ausência de tudo, no completar das interrogações, que deslizem os amantes suavemente pelas árvores do deserto da solidão. Todavia o espaço útil perfaz o tempo de tantas definições das vidas sucessivas e que nenhuma fosse. Ainda em tudo a preencher, sói de querer sempre novos desejos em forma de pessoas, na busca do outro nos hemisférios da gente mesmo. Enquanto isso, a sombra seguirá sua vocação eterna de buscar saída inexistente nos mundos lá de fora. Nunca, depois, para sempre, os temores de ser, jamais... As pontes imaginárias apenas permitem divagar, andar aos gestos, aos tombos, deixar correr vultos de mistérios de outras vontades também ocultas, adiamentos de novos encontros. Desencontros em movimento.
Quiséssemos, entretanto, admitir, saberíamos de bom grado o peso das existências reais. Contudo mistificamos, mascamos em pincéis azuis as velhas portas da ficção dessa angústia paterna. Saber-se-ia isolado no meio das pedras em atividade, no claro das marés que assustariam até os heróis nas lendas. Crer-se largados nos oceanos bravios de vivos parceiros ainda soltos nos acasos ferve de não ter tamanho a melhor das consciências agora. Há nisso que criar modelos de respostas, a fim de salvar o instante e manter em chamas eternas a esperança e a pureza dos traços mais inocentes.
Queria tanto poder entender as metáforas neste texto, mas não creio que traduza o que imagina, até porque o coração dos outros é terra que ninguém anda e pouco se sabe. Mas ainda assim não deixa de ser belo o seu texto.
ResponderExcluir