Conta a tradição indiana que, em certo dia, Buda fora procurado por uma mãe sobraçando o filho morto. No auge do desespero, pediu ao santo lhe reavivasse o amado filho, razão principal da sua existência.
Buda, então, pediria que deixasse o corpo da criança e fosse localizar alguém que nunca houvesse perdido alguém, que nunca passara pelo que ela, naquele instante, vivenciava com tamanha amargura.
Aquela mãe, tocada pela dolorosa separação do filho, sairia de casa em casa, o dia inteiro, a perguntar por pessoa que jamais fora vítima do luto. A jornada continuaria até o dia terminar, sem que obtivesse qualquer sucesso na esforçada tarefa.
Desse modo, a mãe retornou ao místico e prestou conta da missão, momento quando também já trazia consigo o repouso da conformação face à perda que atravessava. Conta a história que, em consequência, tornar-se-ia discípula do Mestre, a quem seguiria na caminhada espiritual.
Quem, indagamos, estaria isento de domar a angústia, o desespero humano, justa medida que impõe a condição de viver neste mundo? Todos defrontam essa busca de responder ao enigma dos dias, razão essencial de tudo quanto há. Por vezes, alguns dão notícias de revelar a consciência, no entanto são poucos, raros. Ainda que diante das ilusões que só se desmancham no ar, existe o império da vontade nessa busca incessante.
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