Quisesse explicar as razões de continuar pela vida, ninguém, decerto, saberia definir os motivos que trocam os passos na jornada, porém jamais abriria de querer continuar à procura do sonho, parecido com o instinto de resistir a toda prova e chegar nalgum lugar de paz, saúde, harmonia, junto de quem gosta, ama e das coisas boas que nunca abusam.
Mas o que chamar de felicidade, sem repetir formas gastas? Sob quais mantos de estrelas perdura o sentimento bom da alegria? Quais companhias durarão sempre, diante das contradições do desgaste dos anos? Que idade cheia de bons resultados, fora do espaço estreito da matéria, das cólicas e das coceiras do corpo? Quando acertar, esquecido de erros e defeitos, confiante na resposta dos enigmas vulgares?
Precisa muita filosofia, não querer achar o arranjo de concordar naquilo em que falam os mais sabidos de que feliz é quem assim se julga. Pois meio caminho andou quem deu só o primeiro passo no rumo à satisfação pessoal. Há esforços constantes dos racionalistas quererem negar a existência de um Ser Superior, tal possível fosse entrar nas criaturas e provar que elas não existem, como se a existência dependesse da opinião de quem mora do lado de fora.
Se a felicidade possuísse vinculação direta com as coisas materiais todo rico seria feliz. A riqueza apenas contribui para a felicidade, fator que organiza ou desorganiza o meio do campo, livre de determinar com exclusividade os resultados.
Nesse detalhe, fregueses quebram a cara quase todo dia. Chegam a negociar o inegociável. Vendem o que não podem entregar, do tipo da honra, da dignidade, do futuro. Depois afundam, buraco abaixo, perdidos no imaginar o assunto espiritual parecido com as mercadorias dos balcões.
A felicidade significa outros meios de conquista. Renunciar a prazeres que destroem, esquecer caprichos e vaidades, abrir mão de valores que ficam inúteis na estrada, longe de contribuir no crescimento interior e passam com as horas. Essas atitudes, sim, representam o solo fértil de plantar a verdade eterna. Criar amigos, educar filhos, respeitar a família, alimentar a paz do coração, uma consciência tranquila, eis as realizações da velha e sempre jovem dona Felicidade.
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