sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Há um rio de lavas bem no coração da gente

Ali onde dormem pensamentos, palavras e ações, bem ali, buscam frestas os sonhos da alma de querer, um dia, falar a linguagem dos anjos e praticar a verdadeira Justiça. Pedem paz ao silêncio das pessoas indecisas e débeis. Reclamam da solidariedade diante dos desmandos e trastes deste chão. Um protesto, um grito, que seja à fragilidade das instituições humanas. Tanto descompasso, e por quê? A quem reclamar senão a si mesmo. Nuvens de chumbo envolvem os dramas das cidades. Longe e perto, as guerras que insistem fechar os noticiários. As perdições do desespero, as fraquezas dos governantes, o fastio de burrice e indignidade nos líderes que nascem mortos, e a quem reclamar senão a se mesmo. O drama milenar dos dois lados em jogo, enquanto pessoas permanecem na inocência/ignorância de quebrar a cara nas pedras da ilusão. 


Quadro dantesco que repete funções e farras, e entontece de arrependimento os contingentes dos que passam e somem pelas curvas do passado. Pois ninguém ficará aqui em definitivo por mais que deseje. Perante a eternidade das leis o tribunal das consciências nunca dormirá. Quais idiotas de plantão, apenas repetem o calendário dos equívocos.

No entanto há um rio de lavas bem no coração da gente. Lavas incandescentes, metais de lama quente a escorrer pelas encostas dos becos e dos remorsos. O coração que já tem seu dono para sempre, e poucos ainda nem notaram. O Poder superior, que face todos os demais poderes reservou a Si o centro das maravilhas aonde, um dia, encenaremos a decisão da história vivida. 

Bem no âmago da essência de tudo persiste incólume a certeza da Salvação dos seres em movimento. Teto da espiritualidade, foco das individualidades, apesar dos desacertos, herdaremos o Universo inteiro numa manhã esplendorosa. Conquanto há um rio de lavas bem no coração da gente...

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