Na ocasião, Padre Teodósio contou ocorrência de que ouvira falar. Arneiroz, século XIX. O sino da matriz insistia bater já tarde, nalgumas noites, sem contar com vivalma que os movimentassem. O povo do lugar transtornava altas horas, a cogitar das almas penadas, tais assim. A história ganhava corpo. Quando menos esperavam, lá dispararam os rumores de medo das ocorrências.
Qual nos lugares de sempre, lá um dia apareceu sujeito destemido que tomou para si resolver o assunto. Espera que espera, numa noite escura do interior, de novo o badalar do sino da igreja. Munido de rijo porrete, o valente busca aproximação da torre, a que subiam por fora do templo e, pé ante pé, chega ao campanário.
Quem? Dois bodes, agarrando nos dentes a corda do sino, mastigavam com fome e vontade a fibra, querendo aproveitar e disso tirar a ração.
Mais calmo e vitorioso, o herói gritou pela população aterrorizada, convidando a conhecer os autores das peripécias que duraram bom tempo. Eles subiam afoitos a escadaria de pedra e galgavam o interior da torre, de onde exercitam o ofício de sineiro, a produzir os sinais sonoros que, plangentes, despertavam o silêncio noturno da cidade.
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