Ah, coração! que recebe tanta culpa e condenação diante das vezes quando cruzava linhas imaginárias de amar e buscar a felicidade. Sofre e ama, verbos tão primos entre si. Primos que se amam. Bem dos primos.
Na teoria, o coração passeia feito as palavras, que nem sabem ler. Sai vagando nas flutuações e oscila no céu das contraditórias criaturas. Ora alimenta tradições clássicas; ora naufraga nos folhetins da perdição. Quarto minguante. Crescente. Cheia. Nova.
Em uma jornada imaginária, aventureira, ofereceria prazer aos outros, venderia o corpo freguês a fregueses ocasionais; sujaria a alma; desvairaria; e padeceria ali de junto. Fases escandinavas, contraditórias, de quem quer ser feliz à toa, nas incertezas sem conta. Desesperada mergulharia fundo nas noites e aprenderia noutros universos bem longe dali. Nas mágoas e desgostos. São as tais funções de crescer pela dor, jeito estúpido de evoluir, porém que existiria.
Vacila e morre o coração. Vacila e revive, no entanto, o heroico coração imortal. Muda de fases como quem troca de roupa, e descobre, um dia, que existe salvação. Nisso largará de lado seu jeito de lua e diferentes sabores dos instantes, e revelará natureza plena, que seja definitiva, o Sol de si. O Si, o sol de tantos fulgores e horas que ficaram pelo caminho.
Porquanto o itinerário dos corações é chegar no Sol, ser sol certo dia. Nisso haverá de reunir o teto do amor maior, centro de tudo; equilíbrio; o Sol das gerações que antes percorriam a janela do Tempo. E pousará assim o campo de marte da Eternidade.
Quantas fases, até tocar o piso do Sol, ninguém saberá antes do dia. De Lua a Sol, transcurso das evoluções de tantas luas correndo os céus do sentimento... E um sol que brilhará no todo e sempre.
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