sábado, 15 de outubro de 2016

As lembranças bem guardadas

O meu amigo Thiago Duarte mora em Crato. Antes estudara e fora casado em Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde deixara uma filha, Aline, que agora tem oito anos e vive junto da família da mãe, longe, pois, do pai, que este ano resolveu visitá-la na quinta-feira da semana que antecedia o segundo domingo de agosto, o Dia dos Pais.

Chegou à Cidade do Sal em tempo suficiente de participar da festinha anual do colégio que homenagearia os pais dos alunos. Passara rápido no hotel, tomara um banho e rumara ao local.

Às 16h, ocorreria a solenidade na quadra do colégio, sob os olhos animados de professores, alunos e familiares. Ao terminarem os pronunciamentos, apresentações artísticas e outras movimentações, os pais seguiram até as salas, no sentido de receberem algumas lembrancinhas dos filhos, como organizam os colégios em tais datas.

Nessa hora, Thiago observou que Aline recebera a sua lembrança das mãos da professora, mas evitara lhe repassar na mesma ocasião, qual faziam os demais colegas. Cuidadosa, guardara na bolsa a prenda e dirigira-se ao pai convidando-o para descerem ao pátio do colégio.

Ali, num ponto reservado, de mãozinhas delicadas, abriu a pequena bolsa e disse ao genitor:

- Papai, nos anos em que o senhor não pode vim eu guardei as lembrancinhas para o senhor. – Nessa hora, Thiago, que já disfarçava algumas lágrimas, observou emocionado surgirem enfileirados os mimos que a menina carinhosa guardara ano a ano.


Eram elas um chaveiro de moto feito um cordão grande e a medalhinha de São José na extremidade. Outra, uma lanterna pequenina, já meio gasta pelo uso, o que decerto a criança usara nas suas brincadeiras. A terceira, moldurazinha de praia de uns 10 cm de altura por uns 5 de largura, realçando fotografia de um pai pegado com o filho, levando-o ao alto, e a frase Pai, você é o meu herói. E, por fim, a lembrança atual, boné decorado pela inscrição do nome do colégio.

Em seguida, Aline também tiraria da bolsa desenho de seu próprio punho onde mostrava três figuras. A dela, Aline, e a palavra filha. De Gabriela, e a palavra irmã. Na outra, um homem e as palavras papai, Thiago. Todos felizes. Do lado, uma árvore bem delineada e um sol risonho. Em cima do desenho, este pensamento: Agora a família está completa.

4 comentários:

  1. Acho os presentes mais importantes que os filhos podem dá aos pais são estas pequenas lembranças feitas por eles próprios nos colégios. Foge do apelo comercial em qye se transformou a data do evento.

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  2. Emocionante relato!!!⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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  3. Emocionante texto! A perfeição com que você narra , consegue passar imensa emoção, parecendo que estamos assistindo a cena. Acho a maior capacidade do escritor é nos transferir para o local onde ocorre o fato. Parabéns! Um abraço carinhoso amigo Emerson .

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  4. Lembranças bem guardadas” , é o que eu faço , vivo de guardar é muito bem as lembranças das pessoas queridas que passaram pela minha vida, nos mais diversos campos dos sentimentos, como amizades, família e outros sentimentos ainda mais nobres. Lembranças ... lembranças, um misto de saudades e vontade de rever pessoas e lugares por onde passamos, na vida pessoal e profissional e noutros campos não aqui citados. Contudo, não temos como fugir deste quadro, ele é parte integrante da nossa história de vida. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.

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