O meu amigo Thiago Duarte mora em Crato. Antes estudara e fora casado em Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde deixara uma filha, Aline, que agora tem oito anos e vive junto da família da mãe, longe, pois, do pai, que este ano resolveu visitá-la na quinta-feira da semana que antecedia o segundo domingo de agosto, o Dia dos Pais.
Chegou à Cidade do Sal em tempo suficiente de participar da festinha anual do colégio que homenagearia os pais dos alunos. Passara rápido no hotel, tomara um banho e rumara ao local.
Às 16h, ocorreria a solenidade na quadra do colégio, sob os olhos animados de professores, alunos e familiares. Ao terminarem os pronunciamentos, apresentações artísticas e outras movimentações, os pais seguiram até as salas, no sentido de receberem algumas lembrancinhas dos filhos, como organizam os colégios em tais datas.
Nessa hora, Thiago observou que Aline recebera a sua lembrança das mãos da professora, mas evitara lhe repassar na mesma ocasião, qual faziam os demais colegas. Cuidadosa, guardara na bolsa a prenda e dirigira-se ao pai convidando-o para descerem ao pátio do colégio.
Ali, num ponto reservado, de mãozinhas delicadas, abriu a pequena bolsa e disse ao genitor:
- Papai, nos anos em que o senhor não pode vim eu guardei as lembrancinhas para o senhor. – Nessa hora, Thiago, que já disfarçava algumas lágrimas, observou emocionado surgirem enfileirados os mimos que a menina carinhosa guardara ano a ano.
Eram elas um chaveiro de moto feito um cordão grande e a medalhinha de São José na extremidade. Outra, uma lanterna pequenina, já meio gasta pelo uso, o que decerto a criança usara nas suas brincadeiras. A terceira, moldurazinha de praia de uns 10 cm de altura por uns 5 de largura, realçando fotografia de um pai pegado com o filho, levando-o ao alto, e a frase Pai, você é o meu herói. E, por fim, a lembrança atual, boné decorado pela inscrição do nome do colégio.
Em seguida, Aline também tiraria da bolsa desenho de seu próprio punho onde mostrava três figuras. A dela, Aline, e a palavra filha. De Gabriela, e a palavra irmã. Na outra, um homem e as palavras papai, Thiago. Todos felizes. Do lado, uma árvore bem delineada e um sol risonho. Em cima do desenho, este pensamento: Agora a família está completa.
Acho os presentes mais importantes que os filhos podem dá aos pais são estas pequenas lembranças feitas por eles próprios nos colégios. Foge do apelo comercial em qye se transformou a data do evento.
ResponderExcluirEmocionante relato!!!⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
ResponderExcluirEmocionante texto! A perfeição com que você narra , consegue passar imensa emoção, parecendo que estamos assistindo a cena. Acho a maior capacidade do escritor é nos transferir para o local onde ocorre o fato. Parabéns! Um abraço carinhoso amigo Emerson .
ResponderExcluirLembranças bem guardadas” , é o que eu faço , vivo de guardar é muito bem as lembranças das pessoas queridas que passaram pela minha vida, nos mais diversos campos dos sentimentos, como amizades, família e outros sentimentos ainda mais nobres. Lembranças ... lembranças, um misto de saudades e vontade de rever pessoas e lugares por onde passamos, na vida pessoal e profissional e noutros campos não aqui citados. Contudo, não temos como fugir deste quadro, ele é parte integrante da nossa história de vida. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.
ResponderExcluir