- Senador, vamos supor que uma vaca tenha cinco patas. Em sendo assim, indago de V. Exa., quantas patas tem uma vaca?
- Quatro - respondeu de pronto o estadista americano, acrescentando: - Pois não é por se supor que uma vaca tem cinco patas que ela passe a ter.
Situações análogas marcam o cotidiano de quem frequenta a escola da política em todos os países. Muitos querem que a Verdade possua a cara de sua verdade, esquecendo que, apesar de iguais termos, o primeiro se escreve com letra maiúscula e não pode ser mistificado ao sabor das conveniências individuais.
Uma disposição mórbida de viciar contas em proveito interno deve ser considerada mediocridade, não interesses perniciosos nos bastidores sustentando a maioria dessas atitudes, que depõem contra os valores da Ética, espaço onde se reclamam suas presenças.
Militantes políticos, de ordinário, no lado subdesenvolvido deste mundo, buscam a caminhada pública para defender causas pessoais ou de blocos fechados. Seriam como que bons para si e para os seus, enquanto relegam a terceiro plano faixa substancial da comunidade que vota na esperança de modificar o estado de coisas.
Dessa forma, urnas transpostas através de recompensas imediatas, no que se utilizam de capitais a ser recuperados após a vitória, estruturas reacionárias lançam âncora nos mares do serviço público e substituem os figurantes antigos.
Em dita ocasião, tudo passa a ser considerado instrumento de uso íntimo, desde a canalização das verbas para áreas particulares até o jogo de palavras e gritos, na montagem das propostas arrevesadas em defesa de atos esdrúxulos e manipulação de opiniões, fazendo passar por bons os péssimos e por maus os opositores, endossados pelos órgãos da comunidade de informação a peso de ouro (pode existir coisa mais imoral do que propaganda de administração pública? Para que divulgar o que se tem a obrigação de fazer?).
Neste universo das leis humanas, o justo anda cabreiro de pagar pelo infrator. Manchas se alastram no mata-borrão social e a bela arte do diálogo desvirtuou em demagogia ou subterfúgio, período quando sociedades estacionam, ou degeneram, sufocando ânsias de progresso.
Eis o diagnóstico de quadro preocupante, espantalho que atordoa gerações inteiras de lideranças novas. Como tratamento urgente, os exemplos bons merecem aplausos, para fomentar métodos limpos de corrigendas e recuperar a sobrevida.
Atenção fixa nos que vestem as malhas do poder e se dizem salvadores, porquanto posam de cordeiros mansos bem sucedidos e jamais avisam que aparências enganam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário