Certa vez, na década
de 80, encontrei Luiz Gonzaga numa loja de móveis, em Crato, quando pude escutá-lo a falar algumas coisas sobre o
poder de curar que tem a música, guardando, dessa ocasião, as duas histórias
que agora passo a narrar.
Transcorriam os anos de ouro da Rádio Nacional do Rio, a
cujo cast pertenceram os maiores
talentos da música brasileira daquela
época, dentre eles se inseria Gonzaga. Aos domingos, havia programa noturno da
mais ampla audiência. Numa dessas ocasiões, o nordestino foi procurado por
Netinho, trompetista que fazia parte da orquestra da emissora, a lhe dizer
que estava com um filho enfermo, vítima
de problema grave, o qual a medicina não conseguira diagnosticar. Por ser o
garoto fã incondicional do Rei do Baião, queria o pai fazer-lhe uma surpresa e
convidava o músico a visitar sua residência.
De pronto, Luiz aceitou
o convite, oferecendo, inclusive, seu automóvel como transporte para, tão logo
concluíssem o trabalho noturno, seguirem até o bairro afastado onde residia a
família do colega, assim, ocorrendo.
Chegados à casa, o
cantor, munido da famosa sanfona, se dirigiu aos aposentos da criança, que
feliz pode ouvir as músicas de sua
preferência interpretadas pelo próprio ídolo.
Quase em seguida,
para espanto de quem presenciava a cena, o menino, antes tomado por intensa
febre que lhe prendia ao leito, esboçou imediata recuperação e, já na
despedida, levantou-se, indo à porta, de todo refeito do mal que se vira acometido.
Ocorrência semelhante
também se dera, de acordo com as palavras de Luiz Gonzaga, numa visita que ele
e dona Helena fizeram a amigos, na cidade fluminense de Macaé.
Tratava-se de casal
de origem sírio-libanesa, estando o esposo a passar momentos difíceis por causa de doença incurável que
lhe roubara o entusiasmo de viver. Informado da ocorrência, pouco antes do show que faria na cidade, Lua decidiu
ver o amigo, indo a sua procura, mesmo sabendo que seria mínima a demora, dada
a programação prevista.
Depois de efetivada a
deferência, seguiu em busca do compromisso, onde um grande público lotava a
praça principal, esperando os acordes inesquecíveis do menestrel.
Da hora em que saíra
da casa do amigo até aquele instante não se passara muito tempo. Achava-se nas
primeiras músicas da apresentação, entoava o Baião da Penha, quando percebeu algumas pessoas abrirem caminho no
meio da multidão, oferecendo espaço a um automóvel que rumava na direção do
palco. Nele vinha, junto da esposa, o dito senhor que Luiz Gonzaga há pouco
visitara; aproximando-se, foram alçados ao palanque, onde permaneceram no
decorrer da grande festa. Depois disso, conforme o relato daquele que
protagonizou o ocorrido, desapareceram
de todo e para sempre os sintomas da enfermidade e o amigo pode sadio viver
ainda muitos anos.
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