Na sociedade dos dias atuais se pratica uma corrida em
busca da produção e do consumo por vezes descuidosa, haja vista o descaso
quanto aos valores humanos elementares, como no exemplo da distribuição de
alimentos.
Há mais de uma década têm estado presentes nos meios de
comunicação, em publicações e programas diversos, as possibilidades da
reciclagem de lixo. Já houve tentativas e modelos de iniciar esse tipo de ação,
apontada como a grande solução para reduzir o volume de lixo produzido, com
muito, pouco ou nenhum sucesso. Toda essa variação na eficiência de tais
programas tem obrigado a uma consideração mais cuidadosa.
Além de questões culturais complexas, todas as mídias e
nossos anseios mais íntimos insistem em que essa ou aquela aparência, esse ou
aquele produto, vão solucionar as questões de aceitação, auto-estima,
realização pessoal e prazer entre outras. Bastante dinheiro é investido tanto
na geração da necessidade, como na
produção dos objetos necessários, e
no seu consumo. Produzem-se aparentemente mais do que é consumido, a julgar
pela quantidade de promoções, liquidações e práticas do gênero. Artifícios dos
mais diversos conduzem toda sorte de consumidor a adquirir muitos objetos pelas
mais variadas causas, dos mais diversos tipos, preços e tamanhos. Assim, também
é consumido mais do que o que se pode utilizar, a julgar pela quantidade de
desperdício. É dolorosa aqui a visão das conseqüências da diferença de poder
aquisitivo.
Um exemplo dessa situação é a moda atual que pede enfeites natalinos cada vez mais complexos nas casas e nas ruas, enfeites cheios de detalhes, de pequenas bugigangas elétricas ou eletrônicas descartáveis; sem contar os obrigatórios presentes com uma enormidade de embalagens igualmente sofisticadas, embora o bom gosto ou a mais vaga noção de estética pareçam irrelevantes diante da moda. Os papéis de presente hoje não bastam, são substituídos por caixas, envelopes metalizados e sacolas, ganham arranjos de florzinhas e fitas, adesivos com dizeres referentes à data. O conteúdo é, por vezes, um elemento a mais no conjunto, geralmente quase tão descartável quanto esse complexo de embalagens. O significado muitas vezes nem é sabido, sobretudo pelas crianças. E não tem a menor importância.
O consumo de informações também tem sido como os outros
tipos de consumo, uma prática compulsiva. Sua articulação e sua utilização para
modular pontos de vista e tomadas de decisão são dificilmente percebidas na
atuação dos superinformados. A partir
de certa quantidade de dados, bem como da velocidade do acesso a eles, seu
processamento aparentemente acaba prejudicado, gerando angústia e sensação de
inadequação.
A despeito de não ser a solução final para o problema, a reciclagem de resíduos das atividades é um caminho obrigatório. Para ser eficaz ela precisaria, no entanto, ocorrer de forma tão veloz quanto a sua produção. Nisso há esforço empenhado. A reflexão, porém, sobre a estrutura e o funcionamento da sociedade que já se percebe em alguns momentos, que evolui para a revisão das práticas educacionais, de construção civil, produção, consumo, descarte, tratamento de resíduos, que devem ser também consideradas.
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