Quero crer ser assim com quem insiste andar pelas ruas das cidades onde, noutros tempos, viveu suas ocasiões de estar aqui. Nisto, o que mais espanta são elas, as pessoas que foram continuar ligadas à gente, a uma espécie de sobrevivência de qualquer custo.
Dentre elas, estão amigos,
conhecidos, tipos populares, criaturas preservadas nas entranhas, tais
habitantes doutros momentos e também destes. Nessa memória viva estariam todos
e suas contrições. Viventes perenes daquilo que foram, entranhados pelas
vestimentas do tempo ficam existindo. Conquanto se pretenda achar só perante
esse contingente de visagens, nos veem indiferentemente, em um arremedo calcado
na ausência de, nem de longe, pretender serem avistados por quem quer que
seja.
Independente, pois, da
estação em que isso ocorra, às vezes cresce no íntimo impressão de ser desse
jeito que passam as gerações, e que, apesar das contingências já terem preenchido
as paisagens das épocas, delas ficaram a bem dizer daquilo proprietárias
inalienáveis.
Porém sinto essas marcas
consistentes dessas tais pessoas vagando nas calçadas, nas praças, lugares
outros, fantasias em movimento incessante na alma dos seres dagora. Basta
apenas fixar os entremeios de casas, comércios, e o traçado das ruas e, dali,
os intérpretes doutras ocasiões se fazem presentes sem a menor cerimônia. Quiçá
fruto das recordações, dos estilos e sentimentos, cores, sons, fisionomias, daí,
na constância dos dias, insistem permanecer e morar lá dentro de cada um que ora
exista.
(Ilustração: chat.mistral.ai).
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