domingo, 12 de outubro de 2025

Outras visões do Paraíso


Isso de persistir aonde rever tantas criaturas espalhadas ao firmamento resume seus significados. Às vezes, feitos de nuvens. Doutras, seres só prisioneiros de tempo e espaço, porém assustados e ariscos. Enquanto as nuvens formam castelos de sombra, os seres olham atentos o que possa acontecer logo no momento seguinte. Ainda que tanto, sustentam as hastes dos céus de modo talvez esquisito, por demais, ou em sórdidos e repetitivos gestos, séculos a fio.

Guardam consigo uma saudade, no entanto. Asseguram vir de um território neutro, onde viveram a luz da consciência e adormeceram sobre as largas aventuras dos cavaleiros andantes. Vivem quase de jeito repetitivo seus ritos sequenciados, a colher histórias que os alimentam dias e dias. Vêm daí as ditas civilizações. Criam instrumentos letais e seguem à procura da sorte nos campos de batalha do horizonte de depois.

Eles, quais criaturas errantes, entes limitados no quanto viver neste chão, sabem sobejamente dos extremos a que se submetem. Mesmo que quanto, de novo esquecem de si e plantam os restos de esperança nas fibras do impossível. Fossem, pois, avaliar cada período da História, teriam de outrora as quantias gastas em perjúrios daqueles protagonistas que preenchem de dor o solo dos contentes e desmancham as ruínas da ilusão com as próprias unhas.

Bom, decerto de aventuras e consequências vivem esses seres. Buscam o que já dispõem nas abas de si, velhos segredos que carregam nos campos afora. Sabem dentro da relatividade do que existe, porém afeitos a sonhos inesperados de mistérios os mais esquisitos. Daí, nascem afoitas palavras, sem limite, feitas de fagulhas dessa fogueira de estar aqui e haver de ser, a qualquer custo.

Bem isto, máculas em movimento pelas trilhas do Destino. Contam, portanto, as fantasias que compõem o quadro onde caminham, o que chamam determinismo. Quando saíram de lá já traziam no íntimo o roteiro completo dessa epopeia que hoje praticam, sábios autores da humana compreensão, todavia parceiros do sentido que aguarda, até trazer de volta a paz do que deseja.

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