quinta-feira, 31 de julho de 2025

As gerações


Umas dentro das outras, numa cachoeira sem final, caudal de inesperados livres e sozinhos. Horas, milênios sem conta. Termina uma, outra já começara fazia algum tempo. Tudo assim, noutras viagens avassaladoras de inexistências. Encontros por demais, no entanto prenhes doutras aventuras, novas intenções, circunstâncias abertas guardadas a sete capas. Sim, delas, das intenções de completar o que seja, talvez, sem nunca, outrossim. Nisto, os equipamentos que se sucedem pelas sombras. Pessoas. Lugares. Histórias desfeitas em lutas, calçadas, sonhos, viagens. Portais abertos ao Infinito, aqui contudo saturados de sórdidos valores, às vezes, beatíficas cerimônias. doutras. Isto, que solidifica as abstrações perpendiculares de lágrimas e risos.

Quando em vez, vemo-nos, pois, pelas ruas e praças, distintos amores de antigas recordações regressam afoitos. Amigos. Colegas de escola. Artistas. Artesões. Senhoras e senhoras das tantas jornadas, neste solo escarpado de ruídos e silêncios esquecidos nos papeis diversos. Nisto, as palavras contam daquelas ocasiões inesperadas, dos encontrões da sorte, das noites sem par desfeitas pelos universos.

Bem claro que existiram nas folhas que o vento carrega a lugares nenhum. Que existem, que sejam dessas almas enigmáticas dos céus, o que somos. Quais quem nunca haverá de sucumbir aos desertos da solidão, ali estejam todos esses momentos solenes das vidas em volta. Este mistério fere de sentido ao que ora sabemos das normas do Destino. Regente imbatível, transporta consigo cada espécie, quantos filamentos de vidas em movimento, e superpõe a si mesmo nessa estrada circular das gerações.

Cercados, nisso, dessas barreiras instransponíveis da existência, resta tão só a certeza de estar aqui, olhos postos em lugar nenhum, corpos em queda livre nas asas dos séculos. Ao sabor das ondas primorosas desse tudo sem conta, descer-se-á ao firmamento, sentido inverso dos sóis. São cores, flores e harmonias de painéis em devolução dos dias em desaparecimento nos olhos de quem seja.

(Ilustração: Sumie (pintura japonesa).

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