segunda-feira, 3 de julho de 2017

Vestígios internos

Nesse escorrer suave das nuvens pelo céu, fim de tarde, começo de noite, o tempo ainda espalha no clima seus derradeiros raios de luz. Enquanto isto, nas pessoas, a raiz do mistério tenebroso, das finalidades últimas, tudo jamais tranquiliza a razão escondida que está do outro lado da cerca do horizonte. Ela conhece que não detém a sabedoria do Absoluto; nunca que abrirá com as próprias mãos as portas da visão, o instinto do eterno. No salto que tem de dar, terá de esquecer que algum dia soube da luz, pois nunca saberá, nem soube. Deus é absurdo, não cabe na razão material. A luz não dobra esquina. Por isso, o esquecimento quase imediato dos sonhos. Por tal motivo precisou de Jesus vir e demonstrar como fazer para largar os apegos ao que quer que seja, do corpo à exaltação do poder temporal deste lugar.

Passo inevitável a quem quer verdadeira liberdade, a Verdade veio trazer o jeito de sobreviver aos desmandos da matéria. Esgotou, nos mínimos detalhes, o exercício da Salvação. Abriu de vez as comportas da Iluminação, os portões do Inconsciente, lá onde mora o mistério tenebroso. O filho do Homem, resultante de tudo quanto aqui acontece nesta aventura errante de tantas ilusões, rendeu-se aos propósitos de um mundo melhor, entregou-se na Paixão. 

Quem é Jesus, a que veio, o que de real significa na interpretação do mistério? Ele aceitou de bom grado o que teria de cumprir. Apresentou o gesto de renúncia diante dos desmandos, das contradições humanas. Um mestre, o Mestre divino. Exemplo vivo em nós da Consciência que aguardará claridade pura quando resolvermos a questão fundamental das existências. Nós, intérpretes da Natureza em forma de criaturas ainda físicas, portais da libertação. Quanta beleza de Deus habita em todos, emissários da multiplicação do Infinito para sempre, assim seja.

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