quarta-feira, 12 de abril de 2017

Tudo é de Deus


Esta noite, sem maiores justificativas, dormira mais cedo. E ainda mais cedo acordei. Quando acordava, senti profunda solidão e chorei. Copiosamente chorei. Nem sabia a razão, mas chorei copiosamente. De alegria, de solidão, de ausências, chorei. Algo que remexia nas entranhas me deixou escorrer pela face chuva de lágrimas que fez mais escuro o teto da noite no quarto e o panorama de tudo quanto há. Semelhante um milagre de extensões gigantescas, infinitas, senti jorrar de dentro de mim a força desta solidão do que fui, do que sou e do que serei, na sequência longitudinal de toda a Eternidade sem fim, sem limites. Espécie de grandeza absoluta, vi passar a minha existência na existência de todas as existências. Caudal de muitos rios cheios, lágrimas rolaram quais vivências do existir de objetos e pessoas. Há nisso espécie guardada do poder inigualável do amor, milagre de vidas sucessivas e presentes no Universo do inexplicável das palavras. Ser maior das existências, percorrei veias e lavei todas as faces de tantos com água e a emoção do instante que passa. 

Nisso, parei a anotar no silêncio as moléculas do movimento. Causa primeira do quanto há, vozes gritaram em mim o som das esferas. Perfumes doces, olhos acesos na escuridão dos dias, andei pelas estradas de florestas suaves, misteriosas, a falar gritos de paz nos segredos da alma. Quase inútil diante das inutilidades úteis de caminhar nos caminhos das existências, acalmei o instinto de viver e fiquei bem longe de pensamentos ou memórias. Louvor de proporções indescritíveis, entoava acordes da imensidão e tranquilizava o desejo de saber além das vidas. Só escutava os acordes da imensidão, a nutrir de bênçãos o mistério de um Eu que aceita no Infinito as dores do mundo, que regressa ao sono de que jamais acordara diante da noite dos elementos em festa iluminada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário