terça-feira, 14 de junho de 2016

Um doido a menos

Lá numa manhã de séculos atrás, quando observava o azul claro do céu, imaginou ser possível auxiliar os vizinhos e demovê-los das tantas ideias fixas que perseguir a si mesmos, nas manias de perseguição e vícios que carregavam, desde a vaidade extrema de procurar beleza da natureza que já traziam consigo a utilizar, insistentemente, manias de fama e valentia. Isto uns, que, de tanto mexer nas marcas deixadas pelo nascimento nos seus corpos originais, rostos redondos, que queriam quadrados, a seios menores que os queriam maiores e mais vistosos, às nádegas, que as queriam duras a valer, e foram esquecendo as evidências com que vieram, e ficaram presos a desejos insanos. 


Uns passaram a engordar além da conta, ao ponto de ter de refazer as camas, as cadeiras, para lhes aguentar o peso; insatisfeitos com tamanhos cuidados, reclamavam de tudo, do gosto dos alimentos aos lugares de viver. 

Já não muito longe, os doidos eram um pouco diferentes. Eles ali queriam também muda o mundo, porém reclamando por mais fortuna, mais posses imensas que os pudessem elevar nos ares e tocar as estrelas. Dormiam isolados, cheios de pesadelos de fome e pobreza, desbulhando lágrimas de crocodilos de ainda precisar juntar muito até alimentar o poder além dos demais da conta. 

Andasse em frente, ao passar a cerca que encontrava com o rio em tempos de cheia, morava aquele senhora cercada de animais exóticos, ansiando dominar o mundo através das manadas e manadas de bichos que mandava trazer da outra banda do chão. Queria chefiar a qualquer custo, acima de tudo e de todos. Determinar as condições das chuvas, dos ventos; das luas, dos sóis. Houvesse gente impaciente diante das vozes da madrugada, estava bem na sua frente. 

E ele insistindo transformar aquelas pessoas; mostrar meios de equilíbrio das doses oferecidas nos quadrantes de tempo de cada um deles. Entretanto, acalma daqui, revira dali, esfria dacolá, e nunca obteve maior resultado nos esforços dispendidos. Via esperança, e não via, no entanto. Dizia que existem alternativas de cura e que o tempo é o senhor da razão, qual dissera Felipe Camarão, contudo os vizinhos, nem, nem, nada de conformação ou mudança substancial na existência diária.

Sabe o que se deu? Sim, mas que tem que responder sou eu que estou contando a história. Sabe o que se deu? Ele, o vizinho interessado em mudar o mundo, num dia acordou curado, esquecido de querer mudar as pessoas e o mundo em consequência. Se não acalmou vizinhos ensandecidos, acalmou a si próprio. Descobri, enfim, ser o doido a menos que enquanto isto pretendera. Enfim... 

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