sexta-feira, 3 de junho de 2016

Um aval solidário

Neste plano daqui do chão há justa identificação inevitável entre todos os seres presentes, desde as pedras aos gaviões. Ninguém que se preze não há de passar em brancas nuvens, porquanto existe o eixo principal dessa total identificação. Querer sair disso é o risco de cair na ilusão das ilusões e dormir sono absurdo às malhas do abandono. Todos somos partes do mesmo todo. Seria o que acima, no título, um aval solidário. De omissão ou comissão, cheques em branco ou em preto, elementos do mesmo universo das cores da natureza, vamos pendentes nos passos que levam a futuro incerto ou brilhante, no âmbito da ordem inevitável.

Querer fugir de tais propósitos até imaginar ser possível, vá em frente, porquanto imaginação vive disto, de render homenagem aos desejos de si própria. Contudo esbarra nos limites do infinito e cai sob o peso da ficção, pois somos peças de igual tabuleiro, pobres e ricos, viciados e santos, subalternos ou senhores, ovelhas do rebanho que só segue os trilhos das ordens superiores. Células do corpo da história. Tábuas da arca de Noé. Teclas dos pianos dos gênios, da política, dos mercados, tradições e lendas, suspiros das paixões esquecidas e atuais.

Bom, avalistas solidários, eis o que somos desse empréstimo que recebemos lá um dia das mãos calejadas do mistério. Nada sobrevive ausente da formação donde fazemos parte integral, seja agora e para sempre. 

Daí o senso da perfeição chegar às raias da emoção e envolver tudo no sentimento maior das alegrias, do amor de Deus, qual denominam os místicos, ou fixar os olhos nos tetos da mãe Eternidade através da memória das sombras que deslizam pelos crivos do calendário. Correr de quem e aonde? Esconder os quandos da morte espreiteira, instalada clandestinamente nas esperas do depois, seria viável? Enquanto que a consciência determina a libertação de achar o portal das virtudes pelos dias que correm céleres quais águas do Rio do Tempo e oferece todas as visões que necessitamos, no limbo frio dos seres bem antes só individuais.

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