Um quanto de tempo revira tudo em volta e permite examinar a validade na continuação dos acontecimentos e das tantas histórias que se sucedem na consciência de todos. Numa viagem infinita pelo chão das existências, nisso as pessoas expõem seu valor de criatura. Vastidões a falar dos limites, enquanto essa máquina constante acrescenta pouco a pouco outras experiências no solo do que aperfeiçoa. Vontade, pois, nunca falta ao que tem de acontecer.
A imaginação, qual fator de aperfeiçoamento das espécies,
transita pelas memórias na intensidade sem conta, dentre os pensamentos ali presentes.
Reúne, solda as tantas imagens e, nisto, formula novos momentos. Lembranças
passeiam na visão interior das pessoas e conduz os espaços internos na tal
colagens de películas nunca terminadas. Vemo-nos dentro dessa máquina, a criar
conceitos, estabelecer metas, refazer imagens, destruir sentimentos, perdoar,
se perdoar, com ou sem companhia, nessa longa empresa até onde irá o poder
inesgotável de forjar a própria imagem que ficará para sempre no poder das
ideias, sob a direção dos alvedrios do drama das horas.
Aonde ir, ali seguirá essa direção, autoria das
individualidades, em ação pelos quadrantes da sorte. Instrumentos de encontros
e buscas, eis quais sejam estes aventureiros ambulantes de si mesmos pelas
travessias dos destinos. Vivem-se, destarte, os moinhos de vento de todas as
chances de sobreviver. Daí esse desfile inarredável de contos, mitos, lendas, canções,
espalhados aonde chegar nalgum dia, formando o teto das compreensões. De
aparentes visagens do imaginário viram realidades e contorcem os punhos do
mistério, a ponto das muitas visões dos céus, luas e sóis serem consideradas
insanas.
Além de que, essa gama a bem dizer incontável de
chamamentos, logo vêm os mínimos fenômenos provocados pela Natureza, tangidos
pelas vilas, cidades e campos, a tocar de frente a alma dos mesmos personagens
anteriores. Filmes, livros, gravações intermináveis de efeitos sonoras,
máquinas, acrescentam sobremaneira novas oportunidades a quem antes só procurava
motivos de estar aqui. Nesse pandemônio inextrincável viajam vidas e vidas, festa
sem final dos delírios e sonhos. Com isto, se sustenta aquilo denominado circo
de possibilidades das dimensões inexplicáveis.
(Ilustração: O pagamento, de Brueghel o Jovem).