domingo, 2 de novembro de 2025

Tempos outros


Um quanto de tempo revira tudo em volta e permite examinar a validade na continuação dos acontecimentos e das tantas histórias que se sucedem na consciência de todos. Numa viagem infinita pelo chão das existências, nisso as pessoas expõem seu valor de criatura. Vastidões a falar dos limites, enquanto essa máquina constante acrescenta pouco a pouco outras experiências no solo do que aperfeiçoa. Vontade, pois, nunca falta ao que tem de acontecer.

A imaginação, qual fator de aperfeiçoamento das espécies, transita pelas memórias na intensidade sem conta, dentre os pensamentos ali presentes. Reúne, solda as tantas imagens e, nisto, formula novos momentos. Lembranças passeiam na visão interior das pessoas e conduz os espaços internos na tal colagens de películas nunca terminadas. Vemo-nos dentro dessa máquina, a criar conceitos, estabelecer metas, refazer imagens, destruir sentimentos, perdoar, se perdoar, com ou sem companhia, nessa longa empresa até onde irá o poder inesgotável de forjar a própria imagem que ficará para sempre no poder das ideias, sob a direção dos alvedrios do drama das horas.

Aonde ir, ali seguirá essa direção, autoria das individualidades, em ação pelos quadrantes da sorte. Instrumentos de encontros e buscas, eis quais sejam estes aventureiros ambulantes de si mesmos pelas travessias dos destinos. Vivem-se, destarte, os moinhos de vento de todas as chances de sobreviver. Daí esse desfile inarredável de contos, mitos, lendas, canções, espalhados aonde chegar nalgum dia, formando o teto das compreensões. De aparentes visagens do imaginário viram realidades e contorcem os punhos do mistério, a ponto das muitas visões dos céus, luas e sóis serem consideradas insanas.

Além de que, essa gama a bem dizer incontável de chamamentos, logo vêm os mínimos fenômenos provocados pela Natureza, tangidos pelas vilas, cidades e campos, a tocar de frente a alma dos mesmos personagens anteriores. Filmes, livros, gravações intermináveis de efeitos sonoras, máquinas, acrescentam sobremaneira novas oportunidades a quem antes só procurava motivos de estar aqui. Nesse pandemônio inextrincável viajam vidas e vidas, festa sem final dos delírios e sonhos. Com isto, se sustenta aquilo denominado circo de possibilidades das dimensões inexplicáveis.

(Ilustração: O pagamento, de Brueghel o Jovem).