quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Paisagens do Inconsciente


Lá de quando a gente se pega a lembrar do que nunca viu e jamais conheceu. Dos lugares aonde em tempo algum pisou certa feita. Dos céus estrelados de quantas luzes de onde chegam tantos e poucos sabem deles. Dessas músicas a vibrar no coração, que vivem soltas nos quadrões desse Universo intempestivo. Campos abertos da alma. Surpresas em movimento que falam de tantas línguas e as quais raros compreendem o significado. Dos momentos que, de tão inebriantes, somem sem deixar vestígios pelas sombras e lembranças. Isto das horas em superposição a conviver nas dobras dos infinitos, distantes e absortas na própria ausência do que hoje sejam.

Deste sempre disforme a que buscar consiste em sobreviver na lama dos destinos. Lastros enormes de verdades acesas dentro da presença que dela ainda impossível seja ter conhecido de tudo. Luares inesquecíveis, todavia apenas rastros de duendes e fadas grudados nas velhas dores de antigamente. Algo tal qual a surrealidade em gestos imperceptíveis de quem adormeceu e foge da presença, espécie de aventureiro ingrato da sorte. Conquanto desvendar a que vieram já esteja escrito nas alturas, tais humanos seres sustentam o barco do instante nas fibras do coração. Há florestas inatingíveis, porém. Ser-se às margens dessas estradas onde ali convivem todos, pacientes de jornadas profanas à procura da luz no íntimo do Ser. Querem, sim, avistar mais adiante, mas afeitos aos gestos limitados de paixões antigas, laços de desejos apressados. E vivem, sobrevivem ao custo de memórias desfeitas.

Portanto, de palavras e gestos, nessa busca incessante, disto resulta rever histórias inolvidáveis que foram a razão de habitar nas existências dagora. Transitam nas frases e nos parágrafos, em cenas infindáveis dos passados agregados ao firmamento azul. Ficaram insistentes aqueles cinzéis das doces certezas que ora alimentam o trâmite do desconhecido e transportam na pele o poder de aqui permanecer.

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