E pensar-se a ver tudo transcorrer aos próprios olhos e permanecer extático, impassível, fruto do inesperado de todo momento. Observar, sonâmbulo, face às circunstâncias desta vida, credos, lendas e fantasias. Enquanto o tempo em fogo invade lentamente o silêncio das horas, qual furtivo parceiro das mesmas histórias então esquecidas.
Isso de contemplar os acontecimentos e neles reconhecer o limite das atitudes, meros autores de sonhadas ilusões do que seja observar a solidão e dela usufruir derradeiras miragens. Esses, os espectadores da sorte, ali metidos em trajes esquisitos, suspensos nos braços da distância e senhores do quanto existe nas abas do Destino avassalador.
A imaginação do que resta apenas envolve de luzes o estirão das histórias deixadas que foram à margem dos sonhos. Nisso, vêm os acordes sucessivos das manhãs inigualáveis, tangidas pelo Sol. Em si, as mesmas indagações do quanto habita as criaturas em volta. Tais parceiros de igual compreensão, fixam nos céus seus instintos e desejos, cercados das longas epopeias desses que aqui estiveram e hoje nem de longe se superpõem ao deserto das ausências, nas distâncias e nos suores das quantas lutas.
No meio do clamor das inúmeras criaturas que ouvem tão-só o ruído abafado de pássaros a voar nos oásis sem fim, são agora habitantes fugazes, portanto, dos abismos infinitos, e vagam apáticos pelas trilhas de antigas aventuras, audazes que sobreviveram à inexistência.
Em contemplar o véu que cobre de furor a solidão individual, desvendam, passo a passo, o mistério disso tudo que lhes tritura uma aparente inutilidade. Esquálidos, no entanto, sabem do quanto houve de singular naquilo onde viveram suas vidas a fora. Daí, na intenção de revelar a consciência, aceitam as contradições de que foram parceiros e reclamam da clemência do Infinito para consigo, vez desconhecer profundamente as razões de ter chegado até este lugar e ainda continuar em via das novas estações.
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