Enquanto imagens se sucedem nos rochedos da memória, longe vivem os extremos desejos de continuar, até depois do próprio tempo. Nisto, são noites e dias que encobrem a claridade e marcam o senso dos que insistem conhecer outros estados da matéria, ou da energia, tais fossem. E, face a tanto, padecem estados de consciência por vezes dolorosos, enigmáticos, razão de muitas apreensões. Farejam, quais entes apreensivos, as folhas secas largadas ao furor da velha História. Mergulham nas superfícies até então conhecidas, mas duvidam sobremodo de si, feitos seres doutras dimensões, por certo.
Daí as filosofias dos destinos. Uns admitem existir, num
desafio dos dramas que têm de defrontar. Já outros usufruem das danças siderais
de quantas aventuras, na crosta do mistério, olhos abertos aos sonhos, porém. Múltiplos
conceitos vagam, pois, pelas praias do Infinito e nelas os elementos que revelam
essa inexistência fortuita. Amargam ou desfrutam de prazeres sem conta, numa
velocidade a bem dizer imaginária.
Depois de experimentar o sabor dos séculos, apenas aceitam
iniciar as outras notas daquilo largado pelas vilas e cidades, soberanos das
ilusões de nascerem e sumirem. Estejam fieis à solidão ou repastos de multidões
irreverentes, descem aos abismos da ausência e dali só contemplam, vez em
quando, as telas do desaparecimento, deles, puros senhores da passividade.
Vistas numas poucas narrativas, essas impressões do
movimento de objetos e sentimentos distinguem com facilidade o que poderia
resumir a jornada desses atores das perdidas desventuras. Querem, de certeza,
cruzar a linha entre os dois mundos, matéria e espírito, contudo sob a
fragilidade das horas intermitentes. Refazem o percurso, isto passados que
foram os gestos revoltos desde longas epopeias. Convergem de tudo, e, na
sequência, observam o itinerário ao sabor da distância dos peões desse
tabuleiro que se desfaz ao sabor dos séculos.
Talvez em vista disso, a inevitável resposta sempre supera
todos roteiros traçados na pele dos cactos fincados à sombra dos vultos, em volta
de tamanhas indagações. Superpostos, assim, cientes do poder que possuem,
dormem tranquilos às luzes das manhãs que nunca param de vir de origem constante.
(Ilustração: Picasso, Paisagem do Mediterrâneo).
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