Numa busca de interpretação daquilo que interessaria ao momento da escrita, desfilam desde filosofias, místicas, vivências das outras épocas e experiências, numa busca sideral do que possa chegar aqui e trazer frases, parágrafos, imagens. Nisto, tal quem escolhe entre os peixes colhidos de uma rede, põe-se de lado alguns, maiores, de interesse, e deixa de lado aqueles menores e dispensáveis.
A gente interpõe visões recentes do mundo em volta; a lua nova que já apareceu no céu desta noite; o ritmo da caminhada donde chegou recente; os traços no céu de final da tarde; a escuridão, que principia envolver o mundo lá fora; daqui; dali; então surgem réstias do tempo, mínimos rescaldos de dentro e de fora, a formar os esteios dos textos na consciência, e o gosto de pautá-los dalgum jeito.
Ainda que tanto, enxergar os espaços entre as letras e as palavras já descreve o gosto de quem preenche as páginas. Espécie de mania de querer criar motivo de transmitir os quadros da memória, isto resume o que seja o instinto de transcrever, nas folhas em branco, o que nos apresentam os pregões dessa influência que domina os escribas inveterados.
Perante esse vazio das horas que somem rápido, escrever traz consigo o nexo de procurar respostas do quanto esteja agora acontecendo, e suas falas silenciosas, ouvidas naquelas travessias do espírito, sempre ao impulso de ir a algum lugar, que seja, por certo, à presença de um leitor desconhecido.
(Ilustração: Microsoft Copilot).

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