Há uma pendência crônica entre estar e permanecer, distender os limites da existência até o Infinito, numa sustentação a bem dizer impossível. Contudo, essa verdade insiste alimentar a certeza, desde longe, de quando poucos ou nenhum nisso imaginava. E percorriam as veredas dos animais pelas sombras de árvores imensas de uma floresta monumental. Pois sim, disso vivem as criaturas, todo tempo. De imaginar o seguinte e usufruir dessa imaginação. Construir palácios no ar e, contentes, viver de tanta oportunidade.
Longe, porém, de reduzir a conceitos a cinzas, eis o senso
do quanto existe durante eras infindáveis, e que continuarão eras a fio. Supor,
e respirar as consequências disso. Criar longas lendas, no auge da compreensão, e
deitar sobre os lençóis de certezas ainda individuais, não definitivas, a
perfazer construções da consciência no repasto de crenças e leis.
Bom, o que demonstra essa força humana senão o exercício da
história do que contam a si mesmos e aos seus, vidas e vidas?! Dessa distância
intransponível entre os seres persiste a compreensão dos ora existentes. Nalgum
momento, lá adiante, se sujeitarão a supor outras versões do quanto existe, no
entanto, a pisar num solo ainda pegajoso das lamas do que antes contaram uns
aos outros.
O peso de tais significados impera no íntimo de todos, neste
salão das maravilhas daqui da Terra. Parceiros do auto anonimato, perduram,
outrossim, horas sem conta, a descrever territórios profundos de dentro das
visões pessoais, enquanto sustentam o desejo sem conta da imortalidade. Isso,
um mergulho na alma, o que corresponde às narrativas do encontro de pessoas e
pessoas, neste mundo vário. Sabem de si tanto quanto dos demais, vistos durante
algum tempo, e depois viram só memória e canções e livros e salmodias.
Na luz desse entendimento apenas o limitado acontece, no
claro-escuro das visões em que constroem os castelos da esperança, da fé e de
tantos nutrientes das civilizações, isto até, quem sabe?, outras novas
existências e ficções serem aqui estabelecidas, no solo de uma realidade pura.
(Ilustração: O herói por excelência, de Arnóbio Rocha).
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