quinta-feira, 29 de abril de 2021

O mundo e o Paraíso


Os mitos significam isso, a metáfora do que representa o que contam. Eles, os mitos, buscam simbologia que corresponda ao que não poderia ser dito de outro modo. Dá-se um jeito de contar, nem que tenha de chegar a níveis de imaginação por vezes quais correspondentes ao universo mágico do religioso, transcendentes aos valores materiais e intelectuais.

Assim o mito do Paraíso Perdido, de quanto, na mitologia judaico-cristã, os humanos veem-se expulsos da perfeição original, da primeira inocência, pelo exercício frio do raciocínio, e vivenciam mundo do prazer no vão da própria sorte. Perdem a inocência no troco de revelar a si o poder da criação de outro padrão de consciência, onde o desejo individual toma conta do querer e esquecem as primeiras benesses de filhos diletos da pureza do que antes foram.

Ao defrontar o mundo diante das responsabilidades pelos seus atos, a criatura recria a essência que implica no ser senhor das atitudes, e diretamente comprometido nas consequências dessa nova possibilidade, isto quase nunca admitido.

Enquanto passam a agir pelas decisões pessoais, arca com os resultados, que sejam ruins ou bons, porém apenas daqui do Chão, do mundo em volta, sem os frutos divinos da essência de que fizeram parte certa vez. É andar em território livre, no entanto sob o crivo de razão insuficiente; de criatura em criador de outros paraísos, só que artificiais, sem merecer o mais sagrado da Criação original.

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Já doutro modo, o Fim do Mundo, de que falam também os mitos em algumas civilizações, vem de significar a perda desse império de contradições a que vieram de cair depois de rejeitar o Paraíso, sujeitando-se agora ao encontro de Si Mesmo e ao regresso a planos transcendentais da pureza original, perdida no tempo da queda e fuga da inocência. Nisso descobrem novo paraíso dentro da consciência e reconquistam o Paraíso original, após o fim de um mundo até então visto sob o prisma da desobediência, desta feita com o mérito da plena Salvação.

Um comentário:

  1. Bela linha de visão. Estava ouvindo hoje a parábola do filho prodígio e diferente das compreensões imediatas que se têm, imaginei justamente esse lado, como que por coincidência o senhor vem reiterando esse pensamento Original. O mito é uma forma de ver a realidade, acredito, pois de que maneira alcançariamos os ares celestes presos em cavernas?

    👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿✨

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