quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Limites do inesperado II

Isto de saber até onde irão as certezas que transportamos vida afora. De conhecer o que, na verdade, conhecêssemos, se é que conhecemos algo puro a propósito dos dias vindouros. Mesmo assim agimos quais donatários do absoluto futuro, quando quase nada, ou nada, dominamos dos acontecimentos posteriores. Daí a fome desesperadora de desvendar o inesperado, assenhorear-se das marcas seguintes dos nossos passos neste chão.

Na realidade, somos meros detentores do direito de existir ainda sem saber, com plenitude, o que significa existir. Espécies de alimárias dos depois, vagamos soltos pelas matas virgens sob o crivo dos elementos originais. Atores de peças que nem escrevemos, e, tantas vezes, sabemos pouco da firmeza das existências do Autor de tudo quanto há sob o Sol. Seríamos, talvez, livres aves nos céus do Invisível. Querer, pois, julgar a nós e aos outros representa atitude temerária diante da Perfeição que a tudo rege no dizer das religiões. Explorar os demais quais superiores fóssemos, eis outra providência que produz frutos amargos, porquanto o equilíbrio universal a isto determina face ao nível do exato funcionamento das esferas. 

Portanto, aventureiros do acaso, balançamos nas ondas deste mar de inevitável a que fomos submetidos desde quando persistem os pensadores e os mestres à busca de explicar o inexplicável. Máscaras de si próprios trocamos os pés nos dias que restam de sobreviver ao eterno, máquinas de forjar o sentimento, e instrumentos de organização da sociedade humana. 

Grandioso o desejo de interpretar os ritos da Natureza, contudo somos só meios falhos das escolas desta vida. Que lição maior de humildade sobraria além de aceitar, se não baixar a cabeça e orar com força ao desconhecido no senso do Bem, do Amor, da Paz. Nenhuma dúvida, por isso, de que alguém regressou a transmitir a sabedoria que descobrirá no tempo certo. 

2 comentários:

  1. Que texto maravilhoso! Realmente somos atores de uma peça que não e se quer conhecemos o autor, o começo, o meio e o fim. Mas nesta vida de nada temos certezas. Que bom seria se tivéssemos a capacidade de antever o futuro e o que nos espera. O desconhecido é até certo ponto, um conforto para as nossas incertezas. Sendo o homem um ser racional seria muito difícil conviver com certeza dos fatos que teríamos pela frente, tanto as coisas boas quanto às intempéries. Só nos resta aceitar e aprender a conviver com as surpresas boas, outras não tão boas mas que fazem parte do cenário do teatro e da peça da vida que não escrevemos, mas nem por isso deixamos de viver e agradecer a Deus os momentos de felicidades que vivemos, as amizades que conquistamos, os amores vividos, os amores sonhados, a paz e beleza da vida. Maravilha de texto. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro .

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  2. Belo texto, profundo e real . 🙏🙏🙏😇🌺🌺🌺😆

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