quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

A solidão gelada dos alpinistas

No espelho dessas encostas mais íngremes defronte dos rochedos da sorte, face a face com o abismo das nuvens, eles desperdiçam, centímetro a centímetro, carcaça e emoções, tudo no rumo de coisa alguma, quimeras e agruras. São alpinistas, salteadores do impossível, amantes do inesperado e fagulhas ao vento da sorte caprichosa. Expostos às ânsias entre a culpa e o medo, vagueiam soltos pelos silêncios, nas horas feitas nas ausências e nos sonhos.

Autores das tragédias de si mesmos, sobem trilhas rumo do sol intenso lá em cima nos céus intransponíveis. Contemplam a certeza da solidão em que mergulham sem ambição, e descem ao penhasco das consciências na busca do silêncio absoluto, porém sercientes da ilusão a que trocam sacrifícios por sustos.

Assim aqui também diante dos dias os demais mortais... Mourejam pelas estradas da vida em aleatórios movimentos de sobrevivência aos fatores da destruição, contudo de almas pendentes nos amores e nas dúvidas. Pedaços de matéria que pensam e desejam, blocos de madeira de lei da humanidade e suaves flores do jardim das existências, estamos nas mesmas subidas dessa Babel de interrogações, picos nevados de questionamentos à frente e seres das paixões desenfreadas, mãos e pés atados nas gretas do mistério; às vezes doces, às vezes amargos, no entanto em lua de mel com o inevitável.

Quantos e tantos, bem neste momento, esvaziam a carga no limiar das novas vidas e choram e riem e superam a inutilidade faceira dos segundos impacientes?!... No instinto metálico de conter esse rio de tempo, descobrem entretantos nas praias deliciosas de saber que não sabem o que pensavam saber, e aceitam continuar, presas da revelação em qualquer dia. 

Contudo, pois, a solenidade gritante deve prosseguir nos braços dos que procuram os monstros dos limites, pássaros irreverentes que só sobrevoam os astros na esperança dos outros ninhos de semelhantes aventuras. 

2 comentários:

  1. Solidão do ponto de vista social, existe e forma mais acentuada nestas datas marcantes do ano, como Natal e ano novo. Somos seres políticos e sociais, e como tal necessitamos de companhia, de família, de amigos de estar em companhia de quem amamos, gostamos, nossentimos acolhidos. Estar em companhia de si mesmo é bom é importante? Sim , mas não de forma contínua, em alguns momentos queremos, necessitamos de confabular, jogar conversa fora, falar sobre assuntos sérios e também de amenidades. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.

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  2. É verdade, a solidão é importante em alguns momentos para nos melhor, olhar mais para dentro e menos para fora, o que nos trás paz e um encontro com o nosso “eu” fato que quase sempre não fazemos. Mas ainda sou partidária de que uma vez ou outra uma boa companhia é sempre benvinda. Um abraço amigo Emerson Monteiro .

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