sábado, 22 de dezembro de 2018

Da ocidental praia lusitana

Quantos e quantos que ainda carregaram os feixes de lenha às costas e depois de tudo nem usufruem do banquete homérico do mundo, deuses batidos que foram no furor da procela. E aqui todos de novo a transportar, às estações do Infinito, essas naus dos verdes mares de acender as luzes dos corações em festa. Querer é poder; dominar, pois, as mazelas e sorrir de certeza que dias melhores sempre vêm.

Nos ossos da lua cheia há disso, de imaginar que portas abertas assim permanecem diante da vontade extrema de achar sinais que irão determinar a realização dos versículos e das orações das seitas. Marujos de séculos sem fim, tocar o barco até que parece bem simples, no correr dos anos. As considerações de ordem prática no amor de compreender os hemisférios mostra o tanto de vontade que a raça tem demonstrado no passar dos calendários. Daí o momento de que hoje parece viver só de marasmo de proporções monumentais, com a predominância dos interesses individuais sobre os da coletividade. Uma fase de excessos, ânsias maiores sobre a saciedade dos instintos, invés de buscas que sejam no âmbito espiritual.

Nisso a milenar interrogação entre a morte da matéria e os valores da beleza, o aprimoramento do ser versus a fome do prazer, dias de ira da carne sobre o espírito, numa farra descomunal dos trópicos pós a descoberta de um Novo Mundo. Isto também por dentro de nós, entes experimentais da evolução da consciência desde o comum da matéria a fim de revelar o exercício do sufoco.

Bem, tais experiências em tempo de viver passam fugazes ao circular do Sol de longas descobertas. Senhores das sombras presos ao deserto das torpezas são as quimeras dos mares. Tontos de vertigem, no entanto, seguiremos o trilho dos sonhos e mergulhamos na busca de sentido no que reservam as palavras; elas querem dizer quanto queremos ouvir e logo dever pôr em prática. Nunca nada estará perdido para sempre.

3 comentários:

  1. Tempos de viver passam mesmo fugazes . Quando nos damos conta o tempo já se foi nos consumindo no dia a dia de trabalho , na buscas de sonhos, realizações que acontecem ou não. É tão incrível , sacrificamos horas na busca sabe-selva de quê, de ilusões, talvez. Não me queixo das lutas, dos desafios que enfrentei, de tudo ficou uma lição. Não se pode ter tudo, disso eu tenho certeza. Às vezes fico a pensar se outros caminhos tivesse trilhado seria mais feliz? Não sei. Talvez sim, talvez não... parabéns pelo seu rico texto. Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.

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  2. O tema não se enquadra, mas de certa forma não deixa de ter correlação com o passar dos anos, com a solidão dos sonhos, com as ausências suportadas pelo próprio sistema de vida. E em determinadas datas do ano ou da vida, sentimos com mais ênfase as ausências presentes. Sim, ausências presentes, as pessoas vivível, convivem , mas não se cumprimentam, não se conhecem, e a cada dia que se passa este fato se acentua. Desculpa por sair do tema. Um carinhoso abraço , Emerson Monteiro.

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  3. O nível dos seus textos estão espetaculares! Cada leitura temos visão do mundo através das suas palavras, eis a capacidade dos grandes escritores. Depedendendo do nosso estado de espírito temos uma conclusão do texto que lemos. Ou meu amigo, hoje é um daqueles dias em que buscamos sentido para as nossas sombras do deserto.

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