Longe, um dia, todos alçarão voo e restarão laivos de saudades de nem sabe por quê perdidos foram pelos jardins do imaginário. Isto de andar aqui tem surpresas, largar ao desconhecido pedaços das ansiedades que trouxemos, contudo inconsistentes, de vencer o inevitável. Tempos enquanto o furor nos triturava a quatro dentes, feito cães famintos no terreiro da paixão.
Mas há isto, esse lugar bem dentro do amor das gentes. Nele as ondas glaciais do Infinito batem forte e correm soltas pelas praias do Destino. Outras vezes bem aqui estaremos à procura do instante eterno, vagando de olhos fundos nas dobras dessas histórias antigas que transportamos no coração.
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Fora, longos meses de expectativa a contemplar o horizonte donde virá o Sol. Aqui, onde as almas, em frangalhos ou quietas, esperam sinais do entendimento através dos sentimentos. Nisso ninguém está sozinho apesar da enorme solidão dos trópicos das horas calmas no mar da humanidade. A braços, pois, com dificuldades naturais de quem aprende no fragor das aparentes contradições, todos são os heróis de si no chão da alma que nutre a certeza de tudo que vem ficará melhor no sentido da obrigação.
Livre das ameaças e das dores, eles já constroem as naves da salvação que lhes permitirão realizar seus sonhos em manhãs que se avizinham penhes de verdade. Há um chão na vala comum das criaturas humanas.
Na vida todos nós passaremos por estes momentos de reflexão, de retrospetiva do que fomos, do que fizemos, do que deixamos pelos caminhos das ilusões , das frustrações, das realizações... e em determinado estágio da vida descobrimos que tivemos expectativas demais e realizações de menos. De tudo fica uma certeza: somos meros passageiros da ilusão chamada vida e que esta é transitória, mas que vale a pena vivê-la , apesar de todos percalços e desencontros. Belo e profundo texto. Parabéns ! Um carinhoso abraço ao amigo Emerson Monteiro.
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