terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Histórias alheias VIII

Outro dia, no endereço de web pt.chabad.org, li história digna de ser também conhecida dos leitores. Conta episódio da vida do rabi Moshê Meisels, de Vilna, que afirmou: O alef da Chassidut (No livro Tanya, obra máxima do chassidismo de Chabad, Rabi Schneur Zalman de Liadi declara: "Pela sua própria natureza, a mente governa o coração." Este axioma, conhecido como o alef da Chassidut, é a pedra fundamental da abordagem chassídica de Chabad à vida.) salvou-me da morte certa.

O rabi Moshê Meisels conhecia outros idiomas e durante as guerras napoleônicas serviria de tradutor junto do Alto Comando francês na frente russa. Ele seria encarregariam de buscar, junto aos oficiais inimigos, informações privilegiadas que pudessem beneficiar o Exército Russo.

Rabi Moshê obteve êxito na difícil empreitada, caindo nas graças dos comandantes chefes do exército de Napoleão, e estava ciente dos seus planos mais secretos. Foi ele, Rabi Moshê, que salvou o arsenal russo em Vilna da sina que se abateu sobre o arsenal em Schvintzian. Ele alertou o comandante russo encarregado, e aqueles que tentaram explodir o arsenal foram apanhados no ato.

Antes do dia previsto do ataque, o religioso compareceu aos debates dos franceses quanto ao modo como desenvolveriam a batalha nas redondezas de Vilna; quais manobras seriam encetadas; quais arranjos de campo, mobilização das tropas e transportes; examinando as vias de acesso e os meios necessários. Mapas largados ao chão, dúvidas atrozes e preocupações, sem aflorar, contudo, as urgentes decisões da peleja imediata.

Inesperao, então, quem resolveu chegar no Comando, o próprio Napoleão que apareceu à porta. A face do Imperador estava escurecida pela fúria. Irrompeu no aposento e urrou: ‘A batalha foi planejada? As ordens para guarnecer os flancos foram enviadas?’ ‘E quem é este estranho?!’ - continuou ele, apontando para mim.

De pronto veio na minha direção. ‘Você é um espião da Rússia’, afirmou, pondo a mão sobre o meu peito a fim de sentir o coração sobressaltado de quem fora flagrado num ato extremo.

De acordo com o depoimento do Rabi Moshê, exato nesse momento o alef da Chassidut (aquela afirmação mística acima) lhe ofereceria forças de reagir sem denunciar a missão que desempenhava: Minha mente comandou meu coração para que não desse sequer uma batida fora do compasso. Numa voz sem emoção, repliquei: “Os comandantes de Sua Alteza o Imperador tomaram-me como intérprete, pois conheço os idiomas cruciais para o desempenho de seus deveres...”

(Ilustração: Jean Baptiste Edouard Detaille; Sputnik).

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