Quero falar nisso, da integração com o todo, fugir das divisões e dos limites que em tudo impõe distinguir os objetos. Enquanto que há integração absoluta em vigor. Os limites sendo, pois, a preocupação de dividir para reinar. Fazer de conta que sabe onde termina e recolher o que sobrar nos cofres da ambição. Limitar, o nome já vem dizendo. Inclusive a que se limita. Quando, em verdade, existe tão só integração e nada mais. Achamo-nos prisioneiros do tempo e do espaço, durante o tanto de aguentar que assim seja.
Mas persiste um conceito místico de que o momento é para sempre, eterno e puro. Um todo absoluto em tudo. Restará, no entanto, revelar a si este perceber. Mais do que uma entrega, descobrir o valor do presente que representa a principal descoberta das existências perdidas lá atrás. Conhecer a nós mesmos de dentro pra fora e agora. Trabalho de gigante, eis a porta da salvação dos incidentes de vida e morte.
É isto unidade. Adquirir o poder de dominar o instante e mergulhar de corpo e alma o mistério do instante, única comunhão na diversidade através da percepção individual. Vêm daí os nomes em que falam as escolas, as religiões. O Espírito Santo, a Realização do Ser, a descoberta do Si Mesmo, a Iluminação, a Salvação, etc. Noutro sentido, a totalização do processo vida em todas as horas.
E obter a consciência no aqui e agora, que perfazem juntos, e sem nome, a resposta às perguntas principais. O segredo mora no íntimo das criaturas. A luz rasgará as trevas da impossibilidade de conquistar a paz que projeta no desespero as ilusões. Dos redutos bem interiores da pessoa nascem os superheróis das sonhadas ficções, santos, conquistadores e líderes de continuar a experiência eterna do Ser.
Conquanto submissos, desativaremos os juízos à luz da esperança da mais recente felicidade em nós mesmos, os mocinhos da história. Noutras palavras: Não há passado, não há futuro; vivemos um eterno presente.
(Ilustração: Hieronymus Bosch).
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