Naquele dia, Honório percorra a clientela, vendera a sua cota, indo buscar a pensão modesta. Satisfez o apetite. Trocou algumas palavras com amigos e ainda sobrou tempo de olhar, no quintal, debaixo de umbuzeiro frondoso, uma numerosa ninhada de capotes produzida de poucos dias. Mulher empreendedora essa Dona Lindalva, avaliou consigo. Os outros também notaram os capotes novos, enquanto a senhora lhes jogavam xerém, nas farturas do inverno.
Ainda tirou alguns pedidos mais no meio da tarde, totalizou o serviço, pernoitou e, cedo da madrugada, seguiu viagem.
Meses adiante, regressou ao lugar nas rotinas profissionais, quando se lembrou da pensão. Totalizou as vendas e logo buscou o estabelecimento da tradicional amiga. Asseou-se, exercitou o papo junto dos conhecidos, à busca das novidades. Chuvas escassas dominavam as preocupações. Conversa vai e vem, quando surge na memória a ninhada de capotes que avistara na outra visita e que lhe parecera próspera.
- Ah, o senhor nem queira saber, Seu Honório - falou enigmática a boa senhora. - Os bichos passaram todos no fundo desse dali – respondeu, indicando da janela um único exemplar de capote graúdo a ciscar os cantos do quintal.
Surpreso, o viajante quis saber detalhes do que ouvia, não satisfizera na sua curiosidade:
- Por favor, Dona Lindalva, explique melhor o que aconteceu com os capotes da ninhada que antes avistei.
- Nem conto; sabe o senhor que a gente na cidade, sem terra para plantar, quando os bichos vão crescendo, nesses meses de aperreio, querendo salvar a ninhada, fui, toda feira, vendendo um a fim comprar o milho de alimentar os outros. Desse jeito, cuidando e repetindo, até que agora só restou esse que o senhor vê. Por isso digo que os outros todos passaram pelo fundo dele - falou cabisbaixa, e concluiu o assunto.
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