- Luiz, você anda acompanhando Agamenon Magalhães nas andanças políticas de campanha, e cantando e tocando nos comícios desse homem, pessoa vinculada às oligarquias pernambucanas. De certeza sabe que o tal cidadão tem bases no atraso, da estirpe de coronéis exploradores do povo. E o que me diz disso, Luiz, em época de tanta valia que artistas trabalhem ao lado de quem precisa do apoio e da orientação de votar pelas transformações sociais, em favor lideranças engajadas nas lutas?
O menestrel das massas populares, gênio da raça, arauto das caatingas e já sucesso musical em todo o País, afasta um pouco de lado, coça a cabeça demonstrando alguma preocupação do que ia falar, mas assim mesmo quis expressou o sentimento que aquelas palavras provocaram no seu íntimo:
- Mas Violeta, você sabe que vim das brenhas, lá das bibocas do Novo Exu; tenho a pele escura, quase preta, queimada no eito das roças, acostumado a puxar cobra prus pés no cabo da enxada junto de meu pai, nas pelajas do chão esturricado; fui soldado raso, corneteiro de batalhão; nasci pobre; vim a ser sanfoneiro, quando essa profissão desclassificava qualquer um; migrei pras terras Sul desconhecido, quando poucos acreditavam em nossa gente, muitos menos em sanfoneiro matuto; rasguei o mundo com as próprias mãos, chegando hoje às raias dos palcos das capitais fazendo da fraqueza a força e venço a troco de largos esforços; e você, Violeta, ainda querer que eu seja comunista?!...
Dona Violeta, na melhor forma de considerar a justiça das ocasiões, pessoa de espírito nobre e altaneiro, escutou com carinho as palavras de Luiz Gonzaga, sorriu satisfeita e, nisso, ouvira o chamado de seu voo, daí ambos se despediram.
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