Certa feita, em um episódio verificado na cidade de Nazaré da Galiléia, após ser batizado por João Batista nas águas do rio Jordão e vencidas as tentações dos 40 dias no deserto, quando se revelou aos judeus, no templo, esclarecendo nisso a determinação salvadora que trouxera consigo.
Era dia de sábado. Retornava à cidade onde que fora criado. Dirigiu-se à sinagoga, local em que se achavam as pessoas que compareciam na intenção de adorar a Deus e ouvir as escrituras. Segundo o costume, alguém se levantaria para ler os livros sagrados. Assim fez Jesus, e passaram-lhe às mãos o texto do profeta Isaías com as seguintes inscrições: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos, e, aos cegos, o recobrar a vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano de graça do Senhor (Isaías, 61, 1-2).
Depois, organizou de volta o pergaminho da escritura, devolveu-o, e regressou aonde estava.
Conta Lucas, o evangelista, que os presentes fixaram nele o olhar, ouvindo-o dizer que naquela hora se cumprira aquilo que acabavam de ouvir. Tomados de admiração, muitos demonstraram benfazejas emoções. Então, lembraram a origem de Jesus, filho de José, anterior habitante daquela mesma localidade.
Enquanto isso, o Mestre divino buscou reconhecer as dificuldades em admitirem fosse ele um profeta na terra em que vivera, pois nutriam os judeus interrogações de não verem em Nazaré os fenômenos acontecidos na cidade de Cafarnaum, da autoria de Jesus, porquanto ninguém é profeta na própria terra.
Do que falara, considerou a ordem divina citando a vida de Elias, conduzido à casa de uma viúva, em Serepta de Sidônia, invés de noutra direção, e o profeta Eliseu, que curara o leproso Naamã e não outro, justificando nisso o quinhão justo que correspondeu às maravilhas presenciadas. Nem todos mereceram, pois.
As afirmativas causaram constrangimento à multidão. Tomados de furor, contra ele arremeteram os mais afoitos, levando-o para fora da povoação, ao cimo de um monte, dispostos a lançá-lo de precipício abaixo.
O Nazareno deixou-se conduzir pela turba só até momento determinado. Mas, passando por meio deles, Jesus seguiu o seu caminho, conclui assim o evangelista.
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