Certa ocasião, em Salvador, numa aula do professor Cid Teixeira, ele entusiasta das boas letras, lhe perguntei qual função haveria no ato de ler, vez que, com o passar do tempo, ocorre de não nos recordarmos de detalhes mínimos, esquemas, locações das histórias, das palavras, esquecendo, em certos casos, até os títulos e autores.
Em resposta, ouviria que cultura é o que restará depois que todas essas coisas desaparecem da memória.
Aquela observação fez lembrar os caminhos que se formam nas matas virgens, ali por onde passam pessoas e animais amaciando o solo e afastando a vegetação, sem que, para isso, houvesse sentido prévio deliberado, resultado comparável ao que acontece no interior da mente humana, aprimorando os trilhos do conhecimento.
A literatura de proveito funciona tal e qual, acostumado o espírito no hábito do que dignifica a alma; e quando menos espera haverá condensação de resultados favoráveis ao progresso, à formação moral, alçando as criaturas às novas possibilidades da evolução. Isso tudo facilitado pelo esforço próprio do pensar, estabelecido sobre textos lúcidos, ordenados, no afã de transmitir ideias e sentimentos.
Os que descobrem a galáxia de Gutenberg, expressão criada pelo canadense Marshall Mcluhan a fim de denominar o âmbito literário dos seres humanos, podem aumentar o universo de pesquisa e permitir as chances de encontrar a luz da verdadeira Consciência.
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