quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Ídolos de barro

Quero falar um pouco dos tempos atuais da civilização, avaliar o grau de envolvimento dos costumes em face dos tantos apelos que dominaram as pessoas em suas paixões desenfreadas. Considerar o porto em que aportaram os fanatismos, limitações e dependências na relação da fome de emoções e as armadilhas do cotidiano, prisões dos detalhes e do esquecimento do todo.

Agarrados a fantoches coloridos, os seres inteligentes, numa quantidade estúpida, permaneceram agarrados à ilusão, feitos escravos dos próprios interesses e equívocos. Náufragos da ausência de sentido, amarraram as angústias nos primeiros botes que apareceram na escuridão. E vagam sozinhos nas ondas violentas do egoísmo de grupos.

Dos tais apelos ilusórios cabem, sim, alguns exemplos. O desespero das posses materiais, matriz da maior elaboração predominante, que parece sucumbir toda raça num mar de lama podre onde os valores não existem mais. Quaisquer sabores de poder financeiro superam honra e bons sentimentos, atitude dominante nas guerras, na ânsia dos governos, feras agressivas à procura de ganhar esse mundo e perder a eternidade.

No diapasão do instinto das armas, outros impulsos avassalam o horizonte da dependência dos bichos humanos: álcool, droga, pornografia, jogos, fama, os interesses escusos da ausência de propósitos justos, sede das vaidades, perdidas noites das farras e bacanais de todos os vícios.

Quantos alimentam os deuses de barro no tropel de enganos, estatística nunca avaliada nos programas de televisão. Ídolos da fancaria, preenchem o vazio das criaturas com pragas fatais. Inúteis montarias de uma secreta conspiração medíocre, se submetem a comandos até então desconhecidos, joguetes de sorte nebulosa.

Catedrais da escravidão cheias de marionetes agressivas, os estádios imensos significam só adoração as entregas aos falsos líderes. Mostram caras atraentes, porém destituídas de personalidade ou conteúdo verdadeiro.

Bom, apenas em rápidas pinceladas, quis descrever, num quadro resumido, o solo da superficialidade a que chegou esforço de milênios de história perante a fragilidade e o pouco caso. Ainda assim, jamais se deverá perder esperança nos dias a vir no seio da natureza essencial.  

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