De lá até agora nada modificou a paisagem de ferro e cimento das metrópoles, sufocando o aparente bucolismo que fica entre os apartamentos e os escritórios, no ramerrão das rotinas diárias. De criador, o homem passaria a refém dos automóveis, vítima acuada, impotente, do que ora se considera enigma número um, sua majestade automotiva.
No início do ciclo do automóvel no Brasil, época de Juscelino Kubitschek, anos dourados, segunda metade do século anterior, houvera acordo secreto entre governo e trustes internacionais do País aceitar como padrão as estradas asfálticas em detrimento do transporte ferroviário. Com isso, somos hoje o que somos, submetidos à visão acanhada de cidades sucateadas, longe dos sonhos das bem estruturas desenvolvidas. Meros joguetes da sorte mercantil, aventura dos aglomerados urbanos e engarrafamentos constantes, e morosidade no transporte beira pesadelos desproporcionais do que antes aguardava o desejo de consumo.
E reverter o quadro entranhado nessa limitação mora longe das possibilidades imediatas. Construção de túneis, viadutos, vias expressas, largas, estacionamentos oceânicos, implicam nos custos faraônicos impagáveis, tirando de foco as necessidades inevitáveis da educação e do aprimoramento dos indivíduos. Noutras palavras, desvio de conduta administrativa equivalente a esquecer o sentido real da civilização a fim de cuidar das exterioridades, isto é, reparar um erro do passado com novos erros no presente.
As cidades, sobretudo as maiores, vivem, pois, crise de resultados imprevisíveis face à febre automobilística que exige, desta geração, soluções ainda desconhecidas; eis o clímax aonde chegou a história contemporânea.
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