sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Limpar os velhos despejos

Por vezes, quase sempre, ou mesmo sempre, carregar as sobras que restaram dos banquetes pesa no lombo até mais do que formar o acervo inicial de preparar as festas. Nós, antropoides desse período geológico atual, ainda insistimos em transportar mágoas antigas, ressentimentos, melindres, recalques, numa espécie de exercício de conservar sofrimento que dura o período da civilização que ora ocupamos. Porca gorda arrodeada de bacorinhos magros virou isso da época artificial, que sobrevive a troco da remessa de lucros ao exterior, da gente e do País.


Os burgueses gostam de passeios que viajam o mundo adentro, felizes borboletas em bando, admirados que com a pedras e museus que construíram com a exploração dos atrasados pelos colonizadores. Refinamento e preços altos nem impressionam, pois quando regressam contam mil maravilhas, feitos Marco Polo ao voltar de Catai.

Porém que há muito lixo acumulado nos quartos de despejo das criaturas humanas, isso há. São elas, as lembranças dos dias que passaram, que parecem querer cobrir de teia de aranha os dias que virão. Sucatas ambulantes andam empanturrando de velharia pouco organizada os corredores da saudade, numa sem cerimônia de causar tristeza, porque imaginam com isso preservar a memória nos sinais que deixaram nas fotografias e nos lenços jogados a esmo.

Contudo, as feiras pedem novos estoque a fim de render o suficiente. Vamos desentocar as migalhas de ontem, pois o mofo e a traça já andam de barriga cheia. Distribuir o maná do deserto antes que apodreça nas panelas, pois no dia seguinte choverá o alimento rico que poderá trazer o manto da justiça social, honesta e perene.

Isto que serve, também, e principalmente, à intenção de limpar o coração dos sentimentos atrasados de raivas acumuladas, contrariedades requentadas, orgulho ferido e frustrações, apodrecidos e desnecessários, peças enferrujadas de engrenagens fora de uso.

Limpar o coração e querer o que seja de bom alvitre, bons propósitos estes desejo perante o turno natalino dagora, perto do calendário de Paz e Prosperidade que se aproxima auspicioso. Abraço de Amor e Luz aos corações. 

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