Na primeira metade dos
anos 70, em Salvador, estudava na Escola de Biblioteconomia e Comunicação da
Universidade Federal da Bahia; cursava Comunicação, e me aproximara do Prof.
Raul Sá, que nos ensinava Estilística da Língua Portuguesa. Um exemplo de mestre,
tanto pelos profundos conhecimentos do Idioma, quanto pelo jeito característico
de transmiti-los. Assistia a sua aula com imenso gosto e ainda gostava de
acompanhá-lo nas aulas do curso de Biblioteconomia, logo depois, nos finais das
tardes de dois dias da semana. Admirável a didática que utilizava. Preciso nas
afirmações e nos modelos adotados. Antes ensinara no Colégio Dom Pedro II, no
Rio de Janeiro, donde viera já aposentado. De recursos parcos, o patrimônio principal
que detinha era a dignidade e o estilo refinado de pessoa educada e feliz. Terminadas
as aulas, lhe oferecia transporte até sua residência, quando conversávamos pouco
mais de literatura e assuntos outros daqueles momentos.
Lembro que me contara
certa vez a propósito de quando chegara ao Rio e viajava de bonde. Sempre que
passava em determinado trecho da Capital Federal, notava um beco típico, de
sobrados soturnos, pessoas maltrapilhas em volta, e o correlacionava com as
aparências do lugar com as ambientações do que lera no romance O cortiço, de Aloísio Azevedo. Mais
adiante, ao conhecer o autor, saberia que o trecho de rua que lhe causava a impressão
do livro correspondia ao lugar exato que servira de inspiração ao escritor para
trabalhar a história e os personagens da obra.
Nisso, o professor
identificava a força que a arte possui de captar a realidade nos mínimos
detalhes, transmitindo vida e pujança do que caracteriza emoção literária e os
motivos da perpetuação das qualidades humanas através do tempo através da
genialidade dos que trabalham os temas.
Bom, mas neste rápido
comentário quis atualizar na memória quanto há em mim dos mestres que marcaram
o pouco que aprendi nas salas de aula. Dr. Raul Sá habita hoje essas boas
lembranças baianas, levando-me a procurar pelo seu nome através do Google. São
poucas as referências a respeito dele, um vídeo do Youtube, de ex-aluna que
agradece as influências, denominação de auditório em algum prédio público de
Salvador e o que consta no currículo de graduado sob a competente cátedra que
exerceu pelo Brasil afora.
Bom dia, Emerson.
ResponderExcluirNo meio de tanta ignorância e maus tratos à língua portuguesa, vim procurar no Google um alento, algo que fizesse referência ao meu querido professor Raul Sá, no Colégio das Sacramentinas onde tive o privilégio de ser sua aluna por 6 anos, no auge da minha adolescência. Além de aprender português, aprendi a respeitar e ser respeitada, aprendi a obedecer um mestre sem ouvir um grito sequer, e aprendi a ser valorizada. Não sei se o meu português ficou muito bom mas é suficiente para me deixar indignada com as barbaridades que vejo por aí. Obrigada por me trazer a lembrança que eu procurava.
Recebemos de doação da família do professor Raul Sá, TODA SUA BIBLIOTECA PESSOAL CONSTANDO DE 10 MIL LIVRO....Estamos vendendo em um projeto social e educativo na UFba - uma banca de livros que fica entre o Paf III e Letras..grato
ExcluirMeu nome e Paulo fone (fone)3011-4922 e 3336-1316
ExcluirAcredito que a biblioteca desse mestre deve estar recheada de obras raras e esgotadas. Aguardo oportunidade de ter acesso a uma cópia da relação dos livros, que me foi prometida pelo poeta Loloca, herdeiro desse tesouro.
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