sexta-feira, 3 de maio de 2013

Professor Raul Sá


Na primeira metade dos anos 70, em Salvador, estudava na Escola de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal da Bahia; cursava Comunicação, e me aproximara do Prof. Raul Sá, que nos ensinava Estilística da Língua Portuguesa. Um exemplo de mestre, tanto pelos profundos conhecimentos do Idioma, quanto pelo jeito característico de transmiti-los. Assistia a sua aula com imenso gosto e ainda gostava de acompanhá-lo nas aulas do curso de Biblioteconomia, logo depois, nos finais das tardes de dois dias da semana. Admirável a didática que utilizava. Preciso nas afirmações e nos modelos adotados. Antes ensinara no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, donde viera já aposentado. De recursos parcos, o patrimônio principal que detinha era a dignidade e o estilo refinado de pessoa educada e feliz. Terminadas as aulas, lhe oferecia transporte até sua residência, quando conversávamos pouco mais de literatura e assuntos outros daqueles momentos.

Lembro que me contara certa vez a propósito de quando chegara ao Rio e viajava de bonde. Sempre que passava em determinado trecho da Capital Federal, notava um beco típico, de sobrados soturnos, pessoas maltrapilhas em volta, e o correlacionava com as aparências do lugar com as ambientações do que lera no romance O cortiço, de Aloísio Azevedo. Mais adiante, ao conhecer o autor, saberia que o trecho de rua que lhe causava a impressão do livro correspondia ao lugar exato que servira de inspiração ao escritor para trabalhar a história e os personagens da obra.

Nisso, o professor identificava a força que a arte possui de captar a realidade nos mínimos detalhes, transmitindo vida e pujança do que caracteriza emoção literária e os motivos da perpetuação das qualidades humanas através do tempo através da genialidade dos que trabalham os temas.

Bom, mas neste rápido comentário quis atualizar na memória quanto há em mim dos mestres que marcaram o pouco que aprendi nas salas de aula. Dr. Raul Sá habita hoje essas boas lembranças baianas, levando-me a procurar pelo seu nome através do Google. São poucas as referências a respeito dele, um vídeo do Youtube, de ex-aluna que agradece as influências, denominação de auditório em algum prédio público de Salvador e o que consta no currículo de graduado sob a competente cátedra que exerceu pelo Brasil afora.

4 comentários:

  1. Bom dia, Emerson.
    No meio de tanta ignorância e maus tratos à língua portuguesa, vim procurar no Google um alento, algo que fizesse referência ao meu querido professor Raul Sá, no Colégio das Sacramentinas onde tive o privilégio de ser sua aluna por 6 anos, no auge da minha adolescência. Além de aprender português, aprendi a respeitar e ser respeitada, aprendi a obedecer um mestre sem ouvir um grito sequer, e aprendi a ser valorizada. Não sei se o meu português ficou muito bom mas é suficiente para me deixar indignada com as barbaridades que vejo por aí. Obrigada por me trazer a lembrança que eu procurava.

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    1. Recebemos de doação da família do professor Raul Sá, TODA SUA BIBLIOTECA PESSOAL CONSTANDO DE 10 MIL LIVRO....Estamos vendendo em um projeto social e educativo na UFba - uma banca de livros que fica entre o Paf III e Letras..grato

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    2. Meu nome e Paulo fone (fone)3011-4922 e 3336-1316

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  2. Acredito que a biblioteca desse mestre deve estar recheada de obras raras e esgotadas. Aguardo oportunidade de ter acesso a uma cópia da relação dos livros, que me foi prometida pelo poeta Loloca, herdeiro desse tesouro.

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